BLOGGER TEMPLATES - TWITTER BACKGROUNDS »

domingo, 22 de junho de 2008

castelos de areia

Lá vou eu outra vez,de volta ao único lugar que eu não gostaria de voltar.Desejando acima de tudo escapar do mundo real.Em meio a desejos secretos,conversas de madrugada e lágrimas que passam despercebidas eu embarco mais uma vez.Para dentro de mim,para fora de casa.De volta aos meus anos criança.E talvez nem seja tarde demais.

A gente se decepciona com as pessoas,espera demais delas,elas esperam demais da gente.E como eu me sinto no meio disso tudo?Um estrangeira.Alguém que veio de muito,muito longe,mas não quer voltar para a terra natal.Porque de alguma forma,ela gosta do desconhecido,das coisas intactas.Ela gosta do escuro,de perceber que as coisas permanecem exatamente iguais quando o dia amanhece.Ela sonha coisas boas,afasta os pensamentos ruins da cabeça e que ter força e coragem para o que der e vier.Mal sabe ela que é mais forte do que imagina,mesmo estando prestes a se quebrar.

Entre todas as coisas bonitas,ela prefere o mar,o ir e vir sem razão das ondas,a certeza de que naquelas profundezas,nada nunca é certo.Assim,como nas profundezas dela própria,nada também nunca é.E ela não acredita em destino.

Entre páginas viradas e roupas ao avesso,ela caminha devagar,mas nunca contando os passos ou medindo as palavras,apenas observando aquele contato.Pés.Chão.Pele.Granito.
Ela gosta de banho frio e café quente.Da coca-cola gelada de cada dia e do cheiro de grama sendo cortada.Ela gosta de aves levantando vôo,ela gosta de asas.
De tudo o que restou,ela se apega as coisas sem sentido.Ela jogou no lixo as cartas de amor.
Ela gosta do silêncio,dos dias de sol fraco e chuva forte,das noites bem dormidas,do frio.Do calor dos abraços,do beijo da mãe,a cabeça no ombro da melhor amiga,lágrimas que ela não chorou,sonhos que ela nunca teve.
Ela procura aromas e gostos,aventura e angústia,paixão e compaixão.Perdão de alguma forma.
Perguntas sem resposta.

sábado, 21 de junho de 2008

wild roses.

Eu acho que a minha vida inteira as pessoas esperaram mais de mim do que eu era capaz de dar.Sendo mais específica,talvez eu tenha me tornado alguém diferente do que as pessoas esperavam.Bom,de vez em quando é difícil se conseguir o que quer,é como tomar um banho de loja sabendo que a conta do cartão de crédito vai chegar no final do mês.Resumindo,ninguém e nada é perfeito,como já dizia o clichê,muito embora metade da minha família tenha se forçado a acreditar que eu era.

Não sei,talvez eles esperassem que eu fosse mais simpática,mais sociável,que eu tirasse umas notas vermelhas no colégio de vez em quando,que eu fosse ao Mucuripe nos finais de semana e estourasse a conta do celular.A verdade é que eu nunca precisei de muito para me divertir,sempre fui tímida,nada sociável,sempre na defensiva.Escuto música que ninguém mais escuta,leio compulsivamente e trocaria sem pensar duas vezes uma balada por uma caixa de chocolates Godiva e uma noite de filmes com as amigas.Ok,eu estouro o cartão de crédito de vez em quando,mas,God dammit,eu odeio celulares.
E eu passei a minha vida inteira convivendo com isso,com a surpresa das pessoas com relação ao que eu me tornei.O que é perfeito para alguns é completamente distorcido para outros.E eu sou simplesmente apegada demais ao meu mundinho para desistir dele pela vontade alheia.
Eu amo o meu quarto e as almofadas jogadas em cima da cama,eu amo a vista da minha janela,a maneira que o mar sempre muda de cor algumas vezes por dia.Eu amo a confusão de tiaras no meu armário de bijuterias,e a minha pulseira Tiffany sempre jogada em alguma prateleira.Eu amo os meus albúns de fotografia,desorganizados demais para se mostrar a alguém.Os meus sapatos espalhados pelo quarto,a minha tara por sapatilhas.Eu adoro o jeito que as minhas roupas sempre são divididas entre "de ficar em casa" e "de sair" e que o meu guarda roupa tenha mais renda e cetim do que o normal.E laços também.
Eu gosto das minhas barbies encaixotadas em algum lugar,e sinto falta delas,admito.Eu gosto de colocar um brilho labial em cada bolsa,ter duas necessaries iguais e de gostar de broches com strass.Eu amo o cheiro dos meus perfumes se misturando no guarda roupa,os sabonetes importados já perdendo a validade,e aqueles frascos que eu nunca quero jogar fora.Eu amo ter uma gaveta pra tudo que se possa imaginar,eu gosto de usar meus biquínis uma vez no ano e olhe lá.Eu adoro caminha na Dom Luís,ir apé até o Del Passeo.Bater foto de objetos,eu amo o meu emaranhado de livros e DVDs nas minhas estantes.Daqui a pouco eu monto uma locadora e uma biblioteca.Eu amo gastar meu tempo escrevendo bobagem,lendo em inglês em voz alta,escutar Death Cab deitada na grama,cantar Elis Regina com a Carol e a Gabi e rir horrores assistindo Dexter.E eu gosto de pintar em telas,embora nunca mais eu tenha o feito.Eu gosto até do tédio que sinto de vez em quando,de sentir a claustrofobia de ser uma menina com mais princípios do que se imagina.
E eu gosto de estar aqui,exatamente aonde eu estou agora,pq de todos os lugares do mundo,esse é um único em que eu posso ter sonhos,quando o resto do mundo parece não tê-los.


sexta-feira, 13 de junho de 2008

...mas as flores sempre retornavam em dobro,como crianças desapontadas ou desejos contidos.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Era uma vez duas garotinhas,na faixa dos dez anos de idade.Uma filha única a outra a menina esperada por anos,um milagre,como os pais gostavam de chamá-la.
A filha única tinha um bicicleta lilás,a outra por sua vez,mimada e perfeccionista,ainda esperava pela bicicleta perfeita,a Caloy cor-de-rosa que ainda não havia chegado em loja nenhuma.
Então com seu aniversário e o dia das crianças se aproximando e nada da Caloy rosa chegar nas lojas,a garotinha mimada,resolveu dar uma volta na bicicleta da melhor amiga.

A história inteira da amizade das duas não fazia o menor sentido.Uma era solta,livre,a outra sempre presa,com medo de arriscar.Enquanto uma não dava a mínima para a opinião alheia,a outra fazia de tudo para que sua reputação permanecesse intacta.Uma feliz sem irmãos e sem pai,a outra sempre em busca de tapar os buracos da família perfeita.A única semelhança entre as duas,porém,eram seus sonhos,aquilo que elas sabiam,com toda a convicção do mundo que nunca tirariam delas.Talvez por isso se dessem tão bem.Talvez por isso com o tempo,as duas foram se acostumando com aquelas coisinhas que para elas,antigamente,pareciam estranhas,fora da ordem normal das coisas.Talvez por isso aprenderam a cuidar uma da outra,a ouvir,e entender e a compartilhar cada momento.
E talvez,mas só talvez fosse nisso que a garota mimada estava pensando quando caiu da bicicleta.A melhor amiga,ao ouvir o baque,correu preocupada para o lado da menina que se contorcia perto da bicicleta lilás,e a preocupação do rostinho da menina que era sua melhor amiga já a quatro anos,foi algo que aquela garotinha,chata,mimada que só conseguia pensar em si mesma,começou a se preocupar com alguém além dela.

Na noite que ficou conhecida como "a-noite-em-que-a-Pati-caiu-bicicleta-da-Gabi",após a volta do hospital,após o braço engessado e depois de comerem sonho de padaria no quarto cor-de-rosa da menina que tinha tudo que queria,elas conversaram e riram até a barriga doer e nada mais restar a não ser a vontade de arrancar logo aquele gesso do braço e poder brincar e correr novamente.

Semanas se passaram depois do incidente do braço quebrado e a menininha mimada acabou esquecendo da bicicleta perfeita,da Caloy rosa e brilhante,cheia de adesivos,mais bonita do que as das outras meninas,só voltando a lembrar dela mais de um mês depois talvez,assistindo algum filme idiota da Sessão da Tarde com a amiga inseparável.Foi no sofá da garota que sabia como se divertir que a garota que tinha tudo o que queria percebeu que não tinha a bicicleta perfeita.

Mas quem precisa de bicicletas quando se tem amigos,certo?!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

the seasons have changed and so have we.

Escolhi essa foto basicamente por causa da paisagem ao fundo,me lembra a fazenda do meu pai.Eu odeio ir para lá hoje em dia,mas sempre que eu vou acaba me servindo para alguma coisa.Nem que seja para passar um final de semana longe do barulho dos carros.
Talvez eu seja apegada demais à minha rotina,à esses detalhezinhos que me cercam,à bagunça do meu quarto,às roupas espalhadas pelo chão,aos milhares de sapatos que eu deixo jogados.À certeza de que eu sempre terei o que eu preciso ao meu alcance.

Um dia quando eu era criança eu pedi para minha mãe bater um foto minha correndo no meio das árvores.Essa é uma das poucas lembranças nítidas que eu tenho dos meus quatro ou cinco anos de idade e eu lembro como se fosse ontem porque é uma das minhas melhores memórias,a sensação de liberdade que eu senti.Hoje em dia eu sei que não seria a mesma coisa,a gente muda...
Enfim,muita coisa aconteceu depois "do dia em que eu tiraram uma foto minha correndo",coisas que não valem tanto á pena lembrar e talvez por isso,mesmo tendo mais lembranças felizes do que tristes da fazenda do papai,essa sempre se destaca me fazendo evitar ir para lá.O final da tarde é outra coisa que eu não suporto quando estou lá,não sei bem explicar porque,mas me sufoca.

Olhando para trás agora,eu percebo o quando eu ainda tinha para aprender naquela época.

domingo, 1 de junho de 2008

...

A gente enterrou o nosso amor na neve e nos surpreendemos quando nos disseram que nada havia restado de você e eu.