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sábado, 20 de dezembro de 2008

reticências.

Mais um fim de ano se aproxima.
Se eu fosse o meu pai ou meu irmão,provavelmente faria um balanço de todas as desgraças ocorridas em 2008 e um comentário estúpido sobre o quanto os feriados são comercializados,enquanto a minha mãe faz planos e enfeita a casa.
A verdade é que,para alguém relativamente pessimista e um tanto cética,eu adoro o Natal.Adoro Natal e odeio passagens de ano.São um tanto decepcionantes,a última vez que eu tive um Ano Novo descente,ou pelo menos um Ano Novo que eu me lembre,foi nos velhos tempos de Icaraí.

É engraçado como eu lembro de coisas que aconteceram há bastante tempo,quando eu tinha cinco ou seis anos,e o primeiro Natal que eu me recordo foi o de 1998,irônicamente,o primeiro Natal que eu passei nessa apartamento.
Quando eu penso que cheguei a gostar da idéia de ir embora daqui,algo me faz pensar que eu não estava no meu juízo perfeito.Eu demoraria uma eternidade para me adaptar.
Nunca fui muito fã de mudanças bruscas,como já disse zilhões de vezes.Não é que eu seja acomodada,é que eu prefiro que as coisas vão acontecendo gradualmente até que certas idéias não me pareçam tão assustadoras.
É normal que as coisas que você conhece bem te trasmitam certa segurança,mas de vez em quando,você tem mesmo que cortar certos laços e não há nada que se possa fazer a respeito disso.

Em termos de mudanças e viradas,eu diria que 2008 foi o ano.Eu comecei a faculdade,viajei,fiz novos amigos,deixei de tomar os meus remédios...Eu sinto falta deles.Daquela espécie de dormência que me impedia de sentir certas coisas,mas acho que fiz bem em parar.Por mais que a calma que eles me traziam fosse bem vinda,era como se eu tivesse perdendo o controle da minha vida para um comprimido de três centímetros.
Foi bom passar um tempo afastada do turbilhão de emoções que era a minha vida,mas estar de volta,soa bom de uma maneira diferente.Eu sei controlar o que eu sinto agora.Sei me convencer de certas coisas,me agarrar a certas verdades...e é reconfortante saber que eu tenho essa força,um tantinho surpreendente também.

Duas coisas que eu aprendi com os gregos é que primeiro:sempre pode ficar pior.E segundo:Só se pode fugir do passado,por uma quantidade limitada de tempo.
A primeira,mesmo que um tanto pessimista,serve para me lembrar de que não importa o quanto eu reclame,eu sempre vou estar reclamando de barriga cheia.Reclamar do que você não tem é pontencialemente inútil.Reunir certas coisinhas que te deixam um pouco mais feliz,transmitem um pouco de segurança.
A segunda é uma longa história.Eu diria que começou a me passar pela cabeça quando me disseram que toda dor deve ser sentida e com todas as brigas,e idas e vindas que eu tive com as minhas amigas antigas.Muita coisa aconteceu,e muita coisa,eu me forcei a esquecer.
O problema é que ignorar certo fato não faz com que ele desapareça.Por mais que você tente olhar em outras direções,se distrair com outra coisa,de uma forma ou de outra,aquilo sempre vai te alcançar.
Verdade seja dita,o meu grupinho de amigas nunca se entendeu perfeitamente bem.Nós erramos umas com as outras de maneiras diferentes,nos machucamos da mesma forma,dissemos e fizemos coisas que gostaríamos de apagar,mas uma coisa a gente sempre tomou com certa: Sempre que uma de nós precisasse,as outras estariam sempre presentes.
Muita coisa já me levou a questionar nossa amizade.Eu já tentei deixá-la de lado e tenho certeza que não fui a única.E nenhuma de nós nunca conseguiu.'Connected',como o nome da nossa música,e eu demorei a perceber isso,de modo que muita coisa,eu tentei deixar para trás,tentei me convencer de que elas pertenciam ao meu antigo 'mundo',quando na verdade,elas pertencem ao novo.Todas nós pertencemos juntas.

No futuro ou no passado,elas sempre me acompanham.Assim como muita coisa do meu passado me acompanha.Assim como é certo,que todas nós,um dia,deixamos de ser uma só pessoa para nos transformarmos em seis.Independentes,com vontades,medos,choro para chorar,voz.No passado,isso era o futuro.Agora,o futuro voltou a ser incerto.A vida vai se tornar mais ativa,mais variada,cheia de coisas bonitas e circunstâncias infelizes...
Mas hoje eu sei,o mundo é grande demais para ser contido.

Bem-vindo,2009.






domingo, 14 de dezembro de 2008

Estava aqui pensando na minha formatura da faculdade e tudo o que vai significar ter um diploma na mão e um mundo de possibilidades.
Falta muito,eu sei,mas em um domigo à tarde sem nada melhor para fazer,eu não pude evitar.Em menos de quatro anos,eu terei um pedaço de papel que representará o meu sustento,e por mais assustador que possa parecer,meu ingresso na vida adulta.Adulta de verdade,com contas a pagar e um milhão de responsabilidades.

Quando eu acabei o terceiro ano,as pessoas costumavam me dizer o tempo inteiro que não muda muita coisa.
Talvez não mude,olhando de longe,mas analisando com cuidado,você ver o quanto esse rito de passagem significa.Em primeiro lugar,seus dias de aluno subordinado,obrigado a assistir cinco aulas por dia acabaram.Pode dizer adeus aos fiscais no corredor e as permissões para sair da sala.Se dispersa dos seus dias na coordeção também e das advertências por atraso...
Dizem que não existem ninguém mais velho do que um formando do Ensino Médio,nem mais novo do que um calouro de faculdade.
Parando para pensar,há um fundo de verdade nisso tudo.Quem,afinal de contas,nunca exibiu um certo ar de superioridade por estar no último ou ano?Você já viu de tudo nessa vida,'Losers','Queen Bees'.Já tomou um porre histórico e se sentiu a pessoa mais madura do mundo,já teve seus 5mim de fama e foi alvo das fofocas...você é a pessoa mais 'cool' do planeta!Até que vêm a bendita faculdade e muda tudo.Você se ver perdido,pequeninho no meio daquele mar de pessoas crescidas.Sem coordenadores para aconselhar,fiscais para dizer que o recreio acabou e um monte de alunos mais velhos te chamando de 'bixo' o.o
Ninguém nunca pára para pensar no que a gente deixa para trás.Para os nossos pais e professores,tudo diz respeito a vida profissional.Para nós,é um alívio estar deixando as apostilas pré-vestibular e mergulhar nesse 'mar de independência' chamado faculdade.Mesmo que isso signifique deixar para trás o que nós cultivamos de mais puro e de mais belo,durante aqueles anos em que ninguém tinha mesmo muitas responsabilidades e as preocupações eram mínimas...

Pensando assim,a gente até deseja que o tempo pare nesse segundo semestre de faculdade.Que mais tarde,tudo continue igual,com as risadas e a procura por estágios e o sentimento reconfortante de que sua vida está completa,mesmo que continue faltando uma coisinha ou outra.
Às vezes,eu queria não ter a consciência de que um dia,tudo isso vai acabar.Que eu,sozinha,vou assumir uma vida.Quem sabe casar,ter filhos,construir uma família,arrumar um emprego fora do país.
Soa tão assustador saber que um dia eu vou sair de casa e deixar toda essa familiaridade,todo esse conforto.
Lar,é só uma idéia,por mais que pareça triste.Você pode construir um em qualquer lugar,com qualquer pessoa...embora aquele filho e estudante de Ensino Médio,você só possa ser uma vez.

"Lar é onde o coração está"

sábado, 13 de dezembro de 2008

shiny smiles and plastic bodies.

Então,minha melhor amiga viajou para SP e eu fiquei aqui,sentindo a falta dela desesperadamente e contando os dias para ela voltar.
Parece estranho,eu sei,sentir de falta de uma pessoa que foi passar apenas quatro dias fora,mas eu não consigo evitar.Do mesmo jeito que eu não consigo evitar explodir de felicidade por saber que ela vai conhecer o pai dela,e que consequentemente,ela vai voltar de lá mais crescida,que de alguma forma,algo dentro dela vai ser preenchido depois dessa viagem.

Eu cresci com a Gabi.Eu compartilhei com ela os primeiros amores,os corações partidos,os segredos...Ela é a única pessoa que me conhece a fundo,que se eu passasse dez anos fora,ela ainda saberia me decifrar por completa.Que enxuga as minhas lágrimas sem ao menos saber,que conhece os meus medos,alivia as minhas dores,que deita a cabeça no meu ombro no cinema sem eu nem me dar conta.A gente sempre cuidou tão bem uma da outra,que é quase impossível não torcer por ela com cada célula do meu corpo,principalmente por ela ser quem ela é,sempre tão autentica,tão decidida,tão irritante,de vez em quando.
A verdade,é que a Gabi tem uma pureza,uma bondade que eu nunca tive.Ela olha para o mundo com o olhar de uma criança ainda,enxergando todas as possibilidades que ele oferece,se entregando completamente.Eu queria conhecer esse tipo de fé,ser só um pouquinho desse jeito...

Eu sempre fui meio pessimista,fato.Por algum motivo,eu aprendi muito cedo a não criar expectativas,a não idealizar as coisas...Ao mesmo tempo,eu sempre fiz o que quis sem parar para pensar.Tomando decisões completamente precipitadas e fazendo coisas que eu sabia que ía me arrepender pelo resto da vida.Eu digo isso com um certa frequencia,mas quando eu estou fazendo algo errado ou ousado é como se eu tivesse o mundo inteiro nas minhas mãos,como se eu tivesse total controle sobre tudo ao meu redor.
Minha mãe sempre diz que as nossas contas,nós sempre acertamos com a nossa consciência.Que não importa a maneira como as pessoas ao nosso redor nos vêem,mas a maneira como nós mesmos nos enxergamos,e ultimamente,eu tenho gostado de todas as mudanças.
Eu acho que eu cresci um bocado nesses últimos dois anos.Que eu aprendi a controlar melhor as minhas emoções e pensar antes de tomar certas decisões.Que eu aprendi a ser mais determinada e a acreditar mais na minha força de vontade.E principalmente,que eu aprendi a perdoar e entender,que assim como eu,todo comete erros,e que de vez em quando,cabe a mim dá-los uma segunda chance.
Claro,que alguns defeitos e manias vão me acompanhar pelo resto da vida.Ninguém é perfeito,after all.Mas ter a chance de me tornar alguém melhor do que eu fui um dia e olhar para a vida com um novo olhar foi um dos melhores presentes que eu poderia ter ganho.
Inúltil dizer que me deu:x

Te amo,Bizzi.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

nada do que vejo é meu.

Aqui estou eu,às voltas com mais uma reforma no quarto.
Meio desconfortável,devo confessar.Não pelos motivos óbvios(furadeiras,cheiro de tinta...),mas por aquela sensação de que tudo está prestes a mudar outra vez.
É engraçado a forma que costumamos nos agarrar àquilo que nos é familiar.Transmite uma certa segurança,uma certeza de que nossos pés estão firmes no chão.

Soa tão estranho pensar que dentro de dois dias,aquele 'mundinho' inteiro que eu transformei para mim mesma vai ser substituído por algo completamente novo.
Não que eu ache ruim ter o quarto reformado.É bom mudar os ares de vez em quando,mas o período de 'adaptação' é como chegar em um outro planeta.Você sempre acaba olhando ao redor,e procurando inevitavelmente,por algo conhecido.

Sábado,quando estava esvaziando um dos meus armários,achei um VHS dos meus tempos de criança,que eu pensei ter perdido em alguma das minhas viagens.É 'Agora&Sempre' o nome do filme.A maioria das pessoas já deve ter assistido na 'Sessão da Tarde',é um clássico.
Quando eu tinha uns onze,doze anos,eu o via direto com as minhas amigas.Quando se falava em assistir um filme juntas,ele era sempre o primeiro que nos vinha à cabeça.
Então esse final de semana,quando eu o achei,encima de um salto nove,com o cabelo feito e a maquiagem pronta,eu desejei ter tudo aquilo de volta.
Às tardes longas,que demoravam um eternidade para passar.Os cinemas juntas,e campeonatos no Videokê.Os banhos de piscina,a maquinha de chocolate da Eliana,os piqueniques,a sensação de não saber aonde eu terminava e onde começava elas...o momento exato em que tudo isso se tornou crucial,ao invés de apenas rotina.

A parte chata de crescer,é perder alguns dos nossos valores no caminho.Por exemplo,você nunca vai ser mais sincero do que você foi quando aprendeu a falar.O tempo passa,e as nossas liberdades vão diminuindo.
Querendo ou não,a gente tem que seguir os padrões...
O bom de crescer,por outro lado,talvez seja saber apreciar aquilo que nos resta.Aquilo,ou aqueles,que mesmo sem termos pedido,acabaram ficando nas nossas vidas por um motivo qualquer.
A gente tem a tendência de tomar muita coisa como garantida,ou como nossas,e a verdade,é que temos bem menos do que imaginamos.
Mas como já dizia o ditado: "Melhor um pássaro[amado] na mão do que dois voando".

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

eight is the magic number.

Ceerto,certo...Lelela me amaldiçoou(é assim que chamamos essa brincadeirinha no fotolog.com) e eu tenho que dizer 8 coisas que eu quero fazer antes de morrer.Sendo assim,eu lembrei de outra maldiçãozinha do Fotolog,e vou fazê-la aqui,incluindo as oito coisas,lóógico!

Aí vai:

*8 coisas que eu quero fazer antes de morrer:
-Despedida de solteira em Las Vegas
-Ter uma filha
-Ter uma creche para crianças com síndrome de down
-Ser uma Jornalista bem sucedida;)
-Morar em Nova Iorque
-Ter um gata persa branca *-*
-Comprar uma coleção inteira da Betsey Johnson
-Sexo selvagem com o Sr.Chace Crawford *uuuui*

*7 coisas que mais digo:
-Valeu,Tadeu.
-Puta que pariu
-Oh my goodness gracious
-Bitch
-Aiin
-Preciso de coca(Y)
-Tenho reumatismo

*7 coisas que faço bem:
-lá-lá-lálááááá
-escrever
-comprar
-planejar festas
-criticar
-nadar
-falar inglês

*7 coisas que eu não faço bem:
-falar em público
-qualquer coisa que envolva contas
-cozinhar(trageeeeedy!)
-andar devagar
-ser paciente
-ser economica
-ser discreta

*7 coisas que me encantam:
-Cinema
-Livros
-Fotografia
-Dinheiro
-Chace Crawford
-A vida dos outros(só se forem ricos e famosos)HEUEHEUEHEU
-Meus amiguiiinhos lindos e minha família(pq o principal a gente deixa por ultimo)

*7 coisas que eu odeio:
-Pessoas que PENSAM que são inteligentes
-Pessoas que se fingem de santas
-Pessoas que se metem nos meus assuntos quando não são convidadas
-Pessoas falsas que falam de mim pelas costas
-Pessoas que usam sandálias feias
-Pessoas forçadas
-Pessoas que falam forçadamente

Amaldiçoados:

Lelela
Bethu
Jordania

terça-feira, 25 de novembro de 2008

paper thin walls

Às pessoas sempre me vêem de uma certa forma.Olhando de longe,eu sou sempre a fútil.A menina mimada cujo o mundo gira em torno de roupas e sapatos.
Acho que a verdade,é que 'estranhos' sempre são meio superficiais para a gente.Todo mundo julga,não tem como fugir disso.Todo mundo cria uma imagem ou outra de alguém antes de conhecer tal pessoa.Todo mundo imagina coisas que eu ou você seríamos capaz de fazer.É a lei natural das coisas,fato.

O que me irrita,é que de vez em quando,as pessoas tem a chance me conhecer de verdade e desperdiçam.
Por puro capricho.Para ter o que falar para os outros.Para ter essa espécie de prazer em enxergar só um lado da história e fazê-lo contar mais do que deveria.

A opinião das pessoas nunca importou muito para mim,sendo sincera.É normal ficar chateado ou com um pouco de raiva desse tipo de comentário,mas à medida que você vai crescendo,você aprende a deixar pra lá,porque nesse caso,palavras são só palavras e as coisas não vão mudar por causa disso.
O problema é que esse comentário em particular foi dito da boca para fora.Não que a pessoa não tenha tido a intenção,porque ela teve.Mas porque nem mesmo ela acredita de verdade no que falou.
Foi justamente naquele tipo de conversa,em que alguém sempre quer aparecer mais do que os outros e acaba falando o que é mais conveniente e previsível da pessoa que virou as costas.
(E óbvio que tinham de me chamar de fútil e mimada e sabe lá Deus do que mais.)

Eu não nego que durante a maior parte da minha vida,as coisas sempre caíram no meu colo.Que eu tive todas as oportunidades,tudo que eu queria nas minhas mãos...Como EU enxergo isso tudo é uma outra história.
Para começar,eu entendo que existem coisas de mais valor do que o dinheiro.Foi o que eu fui ensinada a minha vida inteira,e é uma verdade.Segundo,todo mundo tem problemas,e a julgar pelo tamanho dos meus,eu estou mais para alma sofredora do que para superficial.
É inúltil tentar fazer com que as pessoas entendam que realmente você é.Que para mim,nada compra uma tarde com os amigos,jogando conversa fora.Ou tomar sorvete no pote,ou um banho de chuva.Ou entender que a maior beleza da vida,não são roupas nem sapatos,mas saber aproveitar tudo aquilo que lhe foi dado e estar sempre aberto à novas experiências,à conselhos dados de coração.E principalmente,saber apreciar cada momento que você tem ao lado de pessoas que você ama,fazendo coisas que te dão alegria.Porque afinal de contas,felicidade só é completa quando compartilhada.


domingo, 23 de novembro de 2008

Durante um longo período da minha pré-adolescência,eu fantasiei com o príncipe encantado.O cara perfeito,cavalgando um cavalo um branco,que heroicamente me levaria para o castelo no alto da colina.
Com direito a valsa,fogos de artifício e escadaria de mármore.
Aí vem o primeiro ficante,o primeiro namorado sério,e toda aquela ilusão que eu tinha na infância foi por àgua abaixo.

No colégio,nunca nos ensinaram a curar um coração partido,ou como agir quando as coisas fogem do nosso controle.Pelo contrário,a gente cresce ouvindo dos nossos pais,dos nossos avós,dos nossos amigos,que a pessoa certa vai aparecer e é com ela que devemos ficar,pelo o resto de nossas vidas.
Mas e se a pessoa certa,na verdade,for a pessoa errada?
Se esse homem pré-fabricado e vendido em uma embalagem bonita for perfeito para você e não for perfeito para mim?

Eu nunca acreditei em sacrifícios por uma relação.Lógico,de vez em quando,você tem que entrar em um acordo,mas eu,por exemplo,nunca trocaria a minha tarde no shopping por um jogo de futebol.Assim como eu não espero que ele troque o estádio pelas grifes.
Amor para mim não é ter uma relação perfeita,sem brigas,mas sim de alguma forma,encontrar uma certa sintonia nas horas passadas juntas,ou nas palavras trocadas,e que de vez em quando,isso seja o suficiente.
Amor para mim não são depoimentos no orkut,muito menos gestos espalhafatosos e loucuras de amor.A partir do momento em que eu me sentir amada,o resto do mundo pode ter o benefício da dúvida.

O meu 'cara perfeito' vai respeitar minha individualidade e amar cada defeitinho meu,por mais que,de vez em quando,ele reclame.
O cara perfeito,para começo de história,não vai ser minha alma gêmea,ou minha outra metade.Vai ser uma pessoa inteira,com todas as suas manias e peculiaridades,que eu,de alguma forma,vou aprender a conviver e amar.
O cara perfeito,também vai me aceitar por inteira,com toda a minha bagagem e amores mal resolvidos.
O 'cara perfeito' nem mesmo precisa ser perfeito.Aliás,eu vou achá-lo lindo se ele souber apreciar,pelo o menos um pouquinho,a beleza dos defeitos.
Também não dizer 'eu te amo' todos os dias,pois eu,também,devo ter o benefício da dúvida,com tanto que minha consciência,sempre trate de me provar o contrário.


terça-feira, 18 de novembro de 2008

stay with me.


Eu acho que eu não menciono a minha amiga que morreu há anos.A maioria das pessoas que convivem comigo,nem mesmo sabem que um ela existiu.Que algo assim aconteceu.
Bom,essa sou eu.Aprisionada dentro dos meus próprios segredos.Guardando tudo para mim,quase nunca compartilhando.

A questão é que de vez em quando,você tem que colocar para fora.
Aconteceu há 11 anos e os detalhes,eu prefiro nem lembrar.
Isso é tudo o que eu consigo falar sobre a morte dela.Prefiro escolher uma lembrança feliz qualquer e me agarrar a ela.

Algumas memórias são escorregadias.
Tem coisas sobre a Isabelle de que eu quero me lembrar,mas não consigo.Como os pijamas que ela usava quando ía dormir na minha casa,ou o chocolate favorito dela,ou qual era sensação se segurar sua mão quando nós voltávamos juntos da natação.
Eu quero lembrar exatamente de como nós nos tornamos amigas,em primeiro lugar.Uma linha de partida definitiva que eu possa visitar de vez em quando.Ela é uma história que eu quero saber desde a primeira página.

Meu cerébro se recusa a trabalhar desse jeito.A maioria dos detalhes sobre a Isabelle são confusos-o dia em que a gente se conheceu,como nós nos aproximamos tanto,coisas que dissemos uma para outra.Tudo que eu tenho são momentos,mini filmes,pedaços do quebra-cabeça.
De vez em quando eu os sinto nas minhas mãos,reais como o presente.Mas geralmente,é como se eu tivesse tentando pegar em vapor.
Eu entendo que eu nunca vou poder ter a figura inteira.
Inevitavelmente,tem coisas que eu nunca vou saber,nem devo.Mas quando se trata da Isabelle,eu sempre quero mais do eu posso ter,gostaria de achar pelo o menos,mais um ou dois pedaços,simplesmente porque eu fui convencida de alguma forma,que há partes de mim escondidas alí dentro.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

easy

Pais são tão fáceis de serem decifrados.
Um escorregãozinho,uma historinha mal contada,e é como se eu soubesse todos os segredos,de uma só vez.
Talvez porque eu os conheça bem demais.Talvez sejam os anos de convivência,vivendo como uma família,supostamente compartilhando tudo...A parte triste,é que eu não me sinto da mesma forma.
Para mim,eles nunca me conheceram o suficiente,e isso não significa que eu os ame menos por isso.
De certa forma,é até reconfortante saber que alguns dos meus pensamentos,permanecem intactos.

Meus pais sempre fizeram um 'alvoroço' sobre a criança perfeita que eu era e isso,fez com que eu tivesse alguma dificuldade para fazer algo que eles não aprovassem.
Eles sempre encheram a minha cabeça com aquela conversa de que eu era inteligente demais,ou madura demais e que eu sempre soube dar o rumo certo à minha vida.
Eles me disseram,mesmo que implicitamente,que a melhor parte de serem meus pais,na verdade não é ouvir a minha voz desafinada no videoke,ou o meu bom gosto para roupas,mas me verem descobrir o meu próprio caminho pelo mundo.
Bom,é exatamente isso o que eu estou fazendo,certo?

De vez em quando 'descobrir seu próprio caminho pelo mundo',significa mentir para os seus pais.De vez em quando,significa tomar alguns riscos,fazer nossos amigos.Conhecer novas pessoas,de novas vizinhanças,com uma criação diferente da minha.
De vez em quando,significa fazer coisas que ninguém nunca imaginou que eu fosse capaz de fazer.

E estou fazendo alguma coisa diferente.Algo novo.E de certa forma,deixando algo para trás.
E eu sei que isso,de um jeito ou de outro,os incomoda.Mesmo que eles não reclamem,ou briguem.
Eu acho que eles sempre tiveram aquela 'ilusão' de que eu seria a filha dos sonhos.E por um bom tempo,eu fui.
Tirei boas notas,entrei em alguns quadros de honra,participei de olimpíadas,me saía bem em qualquer coisa que me propusesse a fazer...Até que chega uma hora,em que a gente tem que tomar as 'decisões erradas' e cometer aquele 'erro' supostamente irreversível.E na hora,a gente não tinha idéia de que aquilo mudaria tudo.
Uma palavrinha e o conto de fadas inteiro,vai por água abaixo.

De certa forma,eu entendo o quanto é complicado.Difícil talvez,me ver crescer e me tornar alguém diferente do que eles tinham em mente.
Não é exatamente uma decepção.Apenas o sentimento de que em algum lugar da estrada,eu deixei de pertencer a eles,e passei a pertencer ao mundo.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

we sleep underneath the same sky.

Andei pensando em há quanto tempo eu conheço as minhas amigas de infância,que me conhecem desde o pré-escolar,e que ao londo desses anos,cresceram comigo.É difícil definir o que eu vivi antes delas,até porque,a linha que separa os meus tempos de bebê e a minha vida com as meninas é bastante tênue.

Acho que toda garota tem um grupo de amigas que cresceu junto com ela.
Eu,pelo o menos,tive.Um grupo grande de amigas que podia,e posso contar para qualquer coisa.
Mais uma vez,eu não sei como a nossa amizade começou.É difícil explicar o porque de dentre tantas outras crianças,eu escolhi aquelas como amigas.
Foi uma dessas coisas impostas pelo destinos.Eu as conheci certo dia,e com o passar do tempo,eu soube que mesmo que quisesse,eu não conseguiria mais tirá-las da minha vida.

Por mais que o nosso amadurecimento juntas,possa ter tido as suas desvantagens.Por mais que aqueles anos inteiramente compartilhados,não passem de fotografias no fundo de uma gaveta,elas estão sempre presentes na minha vida.Da mesma forma que sempre estive na delas...

É engraçado como olhando de longe,às pessoas sempre tinham uma certa imagem da gente.Como se tudo fosse muito superficial e nós não tivéssemos problemas ou preocupações,quando a nossa vida estava longe de ser perfeita.
Eu acho que a gente cresce,e aprende a lidar com os problemas de maneiras diferentes.E foi basicamente o que aconteceu com a gente.
Com o passar do tempo,a gente foi construindo essa barreira de palavras não ditas e sentimentos contidos,que por mais nós desejássemos que fosse quebrada,ficava de certa forma difícil.
Foi então que vieram as traições.As pequenas deslealdades e mentiras.O peso de tudo aquilo que a gente deixou de dizer.

Por mais estranho que possa parecer,apesar de todas as brigas,de tudo aquilo que a gente gostaria de apagar,perdoar ainda é possível.
E é isso que a gente faz o tempo inteiro.Aprendemos a conviver com os defeitos,a aceitar os erros,e esquecer o que a gente achava ser imperdoável,e acima de tudo,entendendo.Entendendo o que ninguém mais no mundo,parece ser capaz de entender.Apoiando sempre,nos dias que é preciso e nos dias que não são,só pra não perder o costume.
Atender um pedido de socorro às três horas da manhã,e ajudar com a maior disposição do mundo.Mesmo que por um momento,você tenha dito "acabou" ou "pouco me importo com você".Quando alguma de nós precisa,as outras imediatamente se prontificam a providenciar o que tiver ao alcance.

Talvez por isso,mesmo depois de todas as decepções,os momentos em que a gente achou que não haveria amanhã e todas as nossas idas e vindas,sempre vai ter lugar para elas na minha vida.
Porque certos laços,simplesmente não podem ser cortados...



domingo, 9 de novembro de 2008

look around.


Odeio mudanças.Só algo que eu concluí :T
E aqui estou eu de novo,beirando uma reviravolta,prestes a mudar tudo de novo.
Prestes a viajar,prestes a mudar de faculdade...Parece tão fácil,olhando de longe!Se entrosar imediatamente e fazer novos amigos.Mas eu bem sei que vou chegar aonde eu tenho que ir,e continuar procurando por algo que pareça real,ou familiar.

É duro admitir,mas eu não se estou pronta para sair de casa outra vez.Mesmo que só por dois meses.
Eu entendo que eu sou capaz de me sentir em casa em um outro lugar qualquer,que a gente se acostuma com quase tudo nessa vida.Mas eu acho que eu vou sentir falta da comodidade que 'lar' significa para mim,agora.
De ter o meu pai para me pegar na faculdade e almoço pronto me esperando em casa.
É assustador pensar que dentro de alguns dias,eu vou ser jogada em um lugar completamente novo e de repente,ter que assumir o controle da minha vida.

Eu vou sentir falta das pessoas também.De poder vê-las o tempo todo,quando eu bem entender.
De passar tardes com a Gabi,sem fazer absolutamente nada.Apenas deitadas no sofá dela,falando as bobagens de sempre.
Das noites de sexta-feira no Sputinick,das manhãs com o pessoal da faculdade,e das caminhadas na Dom Luís com a minha mãe.
Pensando assim,agora,em um domingo à tarde,quando eu não tenho nada de interessante para fazer,me parece insuportável deixar tudo isso para trás.Especialmente sabendo,que quando eu voltar,talvez elas não estejam mais aonde eu as deixei,e esse é o pior dos pensamentos,que além de mim,as pessoas ao meu redor também mudem.

Às vezes eu fico pensando em como seria legal se eu pudesse levá-los comigo,que por algum milagre inexplicável,eles aparecessem no meu alojamento,e nós pudéssemos fazer juntos,todas as maluquices que eu planejei.
Embora eu saiba que tê-los de volta quando eu chegar,é a única mágica que eu posso pedir.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

an invisible sign of my own

7:32 da manhã.
Eu adoro observar o ir e vir de barquinhos no porto.O que me lembra em partes,as caminhadas que eu fazia com a minha mãe na Beira Mar,e em partes,as férias na praia.

As férias na praia,principalmente.
Meu pai vendeu o apartamento,há mais ou menos um ano.Porque era difícil mesmo a gente ir pra lá,e também,porque foi-se o tempo,em que as pessoas passavam férias no Icaraí.
Hoje em dia,todo mundo só quer Porto das Dunas e Taíba.
Mas,meu Deus,eu amava tudo naquele lugar!Desde o cheiro da maresia ao barulho das ondas.E as crianças impacientes do prédio vizinho.
Eu amava dormir escutando a briza lá fora,e amava acima de qualquer coisa,as passagens de ano lá.
Eu lembro com tanta saudade do nosso ritualzinho de pular na piscina à meia noite.Mal dava para enxergar os fogos,mas isso nunca importou muito...

Até a areia nos pés e o cansaço ao final do dia,me parecem bons agora.E eu provavelmente,sinto falta até das benditas alga-marinhas,que teimavam em se enroscar nas minhas pernas.
Uma peculiaridadezinha que é clara como dia na minha cabeça,era o barulho que a porta da sala fazia.Um barulho fino,irritante,de borracha se arrastando no chão.
Meu pai odiava aquilo,eu e meu irmão amávamos.
Essa é a memória,que embora pequena,de certa forma insignificante,sempre que eu lembro,é uma batalha histórica contra as lágrimas.
É como se passasse um filme na minha cabeça,e eu lembrasse de todas as vezes que eu abri e fechei aquela porta,arrastando areia e cheiro de mar.Os olhos vermelhos por causa do cloro,e um balde de búzios,que era quase de praxe,trazer da praia.

No final das contas,talvez eu tenha ganho bem mais do que eu perdi,pois eu não tenho uma memória de lá,que não tenha valido à pena.
Foi na areia daquela praia,que eu dei meus primeiros passos,afinal de contas.Eu aprendi a nadar naquela piscina,fiz amigos maravilhosos,tomei os melhores sorvetes e aprendi as lições mais valiosas.
De modo,que quando tive que dizer adeus,fui obrigada a deixar parte de mim lá.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

beleza ordinária

Sozinha em casa às 6:30,a nostalgia é quase inevitável.

Saudades dos meus tempos de colégio.É engraçado está dizendo isso agora,no ápice da felicidade da minha vida de universitária,mas de vez em quando,é difícil não lembrar.
Eu aproveitei bem os últimos três anos.Fiz o que devia e o que não devia,me desliguei dos estudos,matei aula,bati o número necessário de portas e tive uma vida amorosa agitada...

Naquela época,porém,eu não tinha a consciência de que tudo aquilo ía acabar um dia.Que o Ensino Médio não duraria para sempre,que lá atrás,quando eu achava que tinha vivido muito,eu ainda não tinha vivido nada.
Acho que é normal pensar assim quando se tem 14,15 anos.Tudo é uma novidade quando se é adolescente.Eu lembro do meu primeiro porre.Aquilo alí pra mim foi o ápice da independência.Na minha cabecinha,eu nunca mais seria mais adulta,ou mais 'cool' do que estava sendo naquele momento.
Depois que você toma um,dois,três porres e a novidade passa,a gente acha graça.
E é exatamente disso que eu sinto saudades.Daquelas primeiras experiências,da inocência que você vai perdendo com o tempo,daqueles amigos 'momentâneos' e daqueles que você sabe que vão durar para sempre.São as descobertas que fazem falta,aquele sentimento assustador e ao mesmo tempo reconfortante de estar fazendo o que não deve,aquela angústia adolescente e a impaciência ridícula que você sente para amadurecer.
Eu sinto falta principalmente da espontâneidade daquela época.Da maneira incorrômpida que a gente olhava pra vida.Matar aula era um absurdo,deixar um menino por a mão aonde não deve,então!Sexo ainda era tabú e os eventos mais empolgantes do ano eram as festas de 15 anos e os acampamentos do colégio.Doce inocência!

De certa forma,eu acredito que nós éramos mais otimistas naquela época.Eu e meus amigos acreditávamos que qualquer besteira que a gente sonhasse iria se tornar realidade.Hoje em dia,eu aprendi a sonhar dentro dos padrões do 'mundo real' e a não mentir pra mim mesma pra fugir da 'vida de verdade'.
Crescer,de fato,acabou sendo mais difícil do que eu imaginava que seria.A tal independência,quando finalmente chega,não é exatamente da forma como você esperou que fosse.A conta do cartão de crédito no final do mês,não vai desaparecer se eu me convecer de que ela não existe,e a faculdade não é só 'rock n'roll toda noite e festa todo dia'...Eu sinto uma nostalgia boa quando tenho esses vislumbres do final da minha infância,quando tudo eram 'flores' e ninguém tinha problemas de verdade,nem cartão de crédito,nem carteira de motorista,muito menos camisinha nas bolsas...Era perfeito da forma mais bela possível,de uma maneira intocada,como se de uma forma ou de outra,o tempo pararia alí e nós seríamos felizes para sempre;~

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Então,faço 19 anos amanhã.
Soa assustador,pela primeira vez na vida.É o peso das responsabilidades,eu diria.O medo do desconhecido,do novo.A nostalgia de ver o quando eu deixei para trás,a consciência de que a vida adulta se aproxima e que eu vou ter problemas maiores do que não saber o que vestir na festa do sábado.
Vai ver que também é o medo de não ser dona do meu destino,de ser apenas uma marionete nas mãos da realidade,de me tornar alguém que eu não queira ser e não ter controle sobre isso.

Acho que todo mundo abaixo dos vinte anos,tem aquela impressão de que a juventude vai durar para sempre.Eu por exemplo não consigo me imaginar casada e com filhos,trabalhando para o meu próprio sustento,tendo pessoas que vão depender de mim e me cobrar mais do que eu imagino ser capaz de dar...De pensar que vestibular costumava ser a pior coisa do mundo:x

É a primeira vez também que pensar no meu passado machuca.De um jeito triste mas ao mesmo tempo pleno.Dói pensar que eu nunca mais vou ter aquilo de volta.Que os aniversários não voltam mais,nem as viagens em família ou passeios com os amigos.Ou as saídas de sala e as semanas de prova.A primeira vez que o meu coração bateu desconpensado por alguém e a minha primeira desilusão.O meu primeiro vislumbre de que a vida lá fora era diferente do que me contavam,e que um dia,eu seria jogada bem no meio daquele caos e teria que me virar sozinha...
É tão estranho pensar que eu não posso mudar nada a respeito daqueles dias,nem dos que estão por vir.Que o que foi dito,está dito e eu não posso retirar.Que eu fiz o que eu fiz e paguei pelos erros cometidos.E que por mais que esse passado seja meu,eu não posso alterá-lo,ou trazê-lo de volta.

É o meu primeiro aniversário que eu não sei o que desejar.Que os presentes e a atenção redobrada ficaram em segundo plano.
Talvez eu tenha finalmente percebido o que realmente é importante.E talvez eu deseje sim alguma coisa.
Um abraço de todo mundo que eu amo e que me faz feliz todos os dias.E que esses,eu possa guardar pra posteridade.



segunda-feira, 20 de outubro de 2008

let me be

Eu sempre fui relativamente chata.Do tipo que não é simpática com estranhos e faz pouco caso de pessoas consideradas 'importantes'.Para os meus amigos as minhas cortadas não são novidade e é comum ouvirem um dos meus comentários maldosos de vez em quando.
Com pessoas que eu não vou muito com a cara,por outro lado,sempre foi meio indiferente.Eu me retraía ao invez de atacar.Ficava calada me remoendo por dentro ao invés de falar algo realmente do meu feitio.
Até agora.
Ultimamente é como se tivesse me libertado dessa cadeia de raiva retraída e eu tivesse a todo vapor outra vez,por mais que não seja exatamente o que eu quero.
É aquela sensação de novo,que eu sentia há alguns anos atrás,quando as palavras chegavam na minha boca rápido demais,e eu não tinha o ímpeto de controlá-las.
Eu lembro das aulas de tênis.Eu sempre chegava preguiçosa na quadra,me arrastando de um lado para o outro,errando saques...até o professor começar a me tratar como se eu fosse a mais burra das criaturas.Eu lembro de guardar todas indiretas até os meus olhos encherem d'água,para depois descontar tudo em dobro.
"Você funciona melhor com raiva".
Foi o que a minha dupla me disse certo dia.

Sabe,esse tipo de sentimento não é necessariamente ruim.Quer dizer,talvez eu devesse medir mais as palavras ou pensar mais antes de fazer certas coisas.Mas a verdade é que essa armadura de palavras cruéis e desprezo,de vez em quando me cai bem.Faz com que eu me sinta no controle da situação.Como se por uns poucos minutos,eu tivesse as coisas e as pessoas,na palma da minha mão.
É como se eu tivesse medo de que elas me descobrissem por completo,e o meu lado frágil,vulnerável,não tivesse lugar algum para se esconder...
Agora pergunto:Até que ponto vai a insegurança de uma pessoa?

terça-feira, 14 de outubro de 2008

feels right.

Eu não sei dar segundas chances.Só algo que eu concluí...
Quando criança eu passei uma noite inteira vomitando por causa de um queijo-quente.Desde então,eu nunca mais comi queijos-quentes.Também nunca mais dormi na casa de uma parenta depois que ela me acusou de algo que eu não fiz.Só vi 'O Pianista' uma vez,para nunca mais,embora eu tenha gostado.Eu não me recupero bem de traumas,como já deve ter sido notado.
Eu nunca consegui contornar bem as situações,ao invés disso eu apenas fujo delas.

Minha mãe está fazendo mil planos para mim prox.ano.Quer que eu comece a estagiar para ganhar prática,quer que eu faça mais um curso,se chateou porque eu larguei o Pilates e provavelmente já está querendo arrumar alguma outra atividade para eu fazer.
Essa é minha mãe,sempre pensando nas coisas antes do tempo.
E eu,bom.Sempre adiando-as.
Por enquanto eu finjo concordadar com tudo,depois eu imponho as minhas vontades.
Eu quero fazer estágios,quero voltar a nadar,o que provavelmente ela não vai concordar e quero fazer um curso de francês,ao invés do curso de preparação pra professora de inglês que ela quer que eu faça.Sei que quando eu descordar das idéias dela,ela vai ficar chateada.Porque houve um dia em que eu atendia todas as suas vontades...
Isso foi até todas as mudanças ocorrerem e eu começar a pensar por si só,ter meus próprios ideais,ao invés de me aproveitar dos dela.Foi antes de eu perceber que eu fazia isso por segurança,por saber que aquilo a estava satisfazendo e dizendo a mim mesmo que era o que eu queria,e antes também,de eu entrar em uma faculdade da minha escolha e conhecer de verdade o mundo lá fora.
Eu sei que é difícil para ela ver o quanto eu mudei em tão pouco tempo.Ver com o passar dos dias,as minhas características se transformando aos pouquinhos,até que a mudança tivesse completa e eu não fosse mais algo que ela era capaz de controlar.Uma estranha que nem mesmo pertence mais a ela.
Mas ela vai entender que crescer é necessário e que as mundanças fazem parte do processo.
Eu sei que sim,ela é minha mãe.
Assim como eu estou começando a processar a mundança de religião da minha amiga e pretendendo fazer o meu melhor para sempre estar ao lado dela,embora ultimamente,eu ande meio distante.Nem mesmo fui à casa dela depoois que soube do pai dela.E sim,eu me sinto culpada,mas nós duas nunca cobramos nada uma da outra,de modo que eu vou chegar lá,e nós vamos conversar e contar as novidades como se não tivéssemos passado um dia separadas...

Por falar em amizade,eu devo dizer,estou surpresa com o quanto algumas pessoas conseguiram me surpreender esse ano.Não foi algo esperado.Pelo contrário,eu prometi a mim mesma não me envolver demais,a ficar na defensiva para não ter que lidar com as possíveis decepções.
Eu não acho que percebi,quando as pessoas,aos pouquinhos foram se aproximando,ganhando um certo espaço na minha vida e de repente,se fazendo imprescindíveis,como se eles estivessem alí o tempo inteiro,só esperando que eu deixasse elas entrarem.
Eu já falei milhões de vez a respeito do fracasso que eu sou para fazer amigos,mas esses não foram exatamente planejados.Como se eu tivesse olhado em volta no primeiro dia de aula e escolhesse a dedo:"Pronto,esses vão ser os meus amigos".Simplesmente me pareceu certo tê-los comigo,por mais que ultimamente as coisas pareçam predestinadas a sair do meu controle,e as minhas certezas diminuam a cada dia.Com eles eu tenho aquela segurança de que eu estou em movimento,de que eu sou capaz de esquecer os meus problemas e rir sem preocupações,ao invés de me entregar a eles.Eu consigo amar até a droga de caos dos nossos dias,sempre com algo dando errado.Não teria a mesma coisa se fosse diferente...E quando eu lembro de uma pequena tragédia ou outra,ou me pergunto como eles agüentam escutar meus comentários maldosos a manhã inteira,eu não posso evitar sorrir o meu sorriso mais sincero e amá-los demais.
Desapontamentos vão acontecer de vez em quando,faz parte de qualquer relacionamento,todo mundo erra.
A verdade,é que de vez enquando vale à pena.


domingo, 12 de outubro de 2008

these hearts,they race for self control...

Eis que chego em casa de manhã cedinho de um show e me deparo com uma mensagem da minha melhor amiga no orkut,dizendo que o pai que ela não via há mais de dez anos,finalmente estava vindo vê-la.
Ela me pareceu tão feliz!Durante todos esses anos de amizade eu não tinha me dado conta de o quanto ela sentiu falta de uma figura paterna.A gente nunca conversou muito a respeito disso,na verdade.E ela não parecia se importar muito com a situação.Jamais imaginaria que ela ansiava por esse dia...Eu queria tanto ter advinhado!
Eu talvez tenha ficado tão feliz quanto ela com a notícia,porém para variar,eu queria ter sido capaz de consolá-la nas vezes em que ela precisou,por todas as vezes em que ela me protegeu e me apoiou...

Enfim,acho que a novidade toda me serviu para perceber o quanto de uma forma ou de outra eu estive no lugar dela.Anos e anos de falta de atenção,de um pai ausente.
Sabendo que a minha amiga finalmente vai poder conhecer o pai me faz lembrar de que eu nunca cheguei a conhecer o meu.
Quer dizer,meu pai sempre fez essas obrigações básicas de pai:Deixar no colégio,no tênis,no curso de inglês...Mas conhecer mesmo,sentar e conversar e deixar a conversa fluir,nunca.Acho que a última vez que eu tive um tempo pai-filha de qualidade eu provavelmente tinha seis anos,quando ele me levava pro Mc Donalds aos domingos.
Eu já toquei nesse assunto com todos os analistas que frequentei-a resposta foi unânime:Se aproxime,tome a atitude,instigue a relação,mostre o que sente.
Incrível como eu não consegui fazer nada disso.O que é estranho,já que a minha impulsividade,na maioria das vezes fala mais alto.

Falando nisso,a maioria das pessoas toma minha impulsividade como um defeito.Bom,eu sei que definitivamente não é uma qualidade mas eu preciso dessa adrenalina para me sentir viva.Sempre foi assim desde que eu era criança.Uma decisão precipitada,um erro cometido quase que de propósito para me tirar da rotina.
Eu me esforço para ter certo controle sobre isso,mas,na maioria das vezes,eu acabo ignorando a razão e fazendo o que eu não devo.Vai ver é por isso que eu quebro mais a cara do que a maioria das pessoas.
O que eu posso dizer:É da natureza humana ser livre:T

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

stars!

"it maybe rainin'
but there's a rainbow above u..."

Fiquei pensando,certo dia,na tendência que as mães tem de prender os seus filhos.Minha mãe,por exemplo,sempre foi relativamente liberal.Quer dizer,sempre me senti à vontade para conversar com ela sobre qualquer coisa e pedir conselhos.Ela sempre foi paciênte nos meus momentos de crise e sempre apoiou minhas decisões profissionais e amorosas.Porém,ela sempre foi bastante protetora.Não só com questões que toda mãe se preocupa,como que horas e com quem vai sair mas com questões bobas,como "não chegue perto da janela da casa de fulaninha...",como se eu fosse pular de lá ou algo do tipo.

Essas preocupações sem sentido me levaram a me perguntar,se todo esse medo sem fundamento,tem à ver com todo o meu período de crise e rebeldia,quando eu achava que a vida de qualquer ser humano era melhor do que a minha.
Eis que certo dia,a minha vida perfeita saiu dos trilhos,foram desilusões encima de desilusões e no final de todo aquele processo de brigas e mentiras eu tive que buscar ajuda de um médico.
Nos primeiros meses de medicação eu senti uma dormência bem vinda,depois de todo o turbilhão de emoções e com o passar do tempo,eu passei a ter um controle maior sobre o que eu sentia.E hoje,sem remédios e sem análises semanais eu me enxergo bem melhor do que naquela época.Aquela época,aliás,se resume à um borrão no meio passado,que eu não consigo me lembrar com clareza o que me passava pela cabeça.Das minhas crises,porém,eu me lembro de todas.Lembro das que ocorriam tarde da noite e caía no sono de exaustão depois de horas e horas chorando e lembro da vez em que eu arranhei os meus pulsos com gilete.Eu nem sei bem o porque,foi mais uma maneira de chamar atenção do que de extravasar minha raiva ou a minha dor.Olhando pra trás,talvez tenha sido mais um apêlo por atenção e definitivamente não foi uma tentativa de acabar com a minha própria vida.
Eu lembro de ter tentado esconder o corte com a munhequeira da Nike que eu usava para jogar tênis.E lembro de que quando a minha mãe descobriu ela passou dias e dias batendo na porta do meu quarto de dez em dez minutos pra se certificar de que eu estava bem.Aquelas cicatrizes foram o começo do fim.O começo do fim,porque eu havia me transformado de uma criança independente e decidida à uma adolescente frágil e bipolar.Foram como se todos os anos de esforço dela tivessem ido de água abaixo.Eu era esforçada,coseguia o que queria sem o menor esforço,honrava todos os meus compromissos e de repente eu não conseguia passar mais de uma ou duas horas prestando atenção na mesma coisa,as notas baixaram e eu fui me fechando de uma forma,que não assustou somente ela,mas toda a família.A menininha brilhante tinha se transformado em uma adolescente fracassada,incapaz de resolver seus problemas sozinha.

Para a minha família inteira aquilo foi um choque,imagine só para a minha mãe.
Hoje em dia,eu vejo o quanto ela tenta de todas as formas manter os meus pés no chão,fazer com que eu tenha a determinação de outrora,embora saibamos que isso pode nunca chegar a acontecer,apesar da inacreditável melhora.
Antes disso,antes de todas as crises,antes da depressão,eu vejo que a minha mãe tentava me proteger(em vão) da realidade ao redor e eu me dei conta,de que a maioria das mães pensa assim,o que poderia o mundo oferecer aos seus filhos que elas também não podiam?É instinto materno,mas inevitavelmente,nós costumamos criar asinhas e quando essas asinhas acumulam uma quantidade considerável de viagens,é que percebemos que nossas mães querem nos proteger daquela primeira decepção,da primeira deslealdade que muda tudo,da primeira perda significante,daquela primeira mentira,que carrega junto com ela,àquela inocência da infância,quando a gente não costumava medir as palavras e as verdades saíam sem esforços.É de certa forma triste,mas a gente sabe que não dá pra ficar apenas assistindo as coisas aconteceram,um dia a gente tem que sair daquela redoma de vidro e quebrar a cara lá fora,exatamente o que elas temiam que acontecesse...

Minha depressão foi uma dessas fases dolorosas da vida que você e as pessoas ao seu redor são obrigadas a testemunhar.Dolorosas mas necessárias.
Minha depressão não foi fingimento,eu não me cortei com gilete porque eu queria ser emo ou porque milhares de adolescentes da minha idade colocavam fotos de pulsos cortados nos fotologs.Só deixando isso claro,para quem acha que depressão é 'frescura'.E eu não to aqui pra impressionar a todos com a minha história de superação.Não existem atos heróicos aqui,só uma vontadezinha escondida de que no final as coisas dessem certo.É um processo lento,é doloroso e quem já sofreu sabe que a gente vai levando um dia de cada vez.Sem dramas maiores até agora e com uma tendência surpreendente a enxergar o lado bom das coisas,das pessoas,da vida...

Eu nunca havia falado assim sobre esse assunto.Comentei com alguns dos meus amigos,é claro,mas nunca havia falado abertamente.Sempre achei que sairia forçado,dramático,exagerado...mas é a verdade,o mais próximo possível dela tranformado em palavras.
Eu sei que muita gente não entende a doença,como o meu próprio pai nunca entendeu,mas no fim das contas você sempre acha uma forma de escape,por mais que eu tenha memórias de um pai que parecia não ser capaz de me amar durante aquele período eu tenho memórias de pessoas que conseguiram me amar em dobro.








sábado, 4 de outubro de 2008

little by little

Eu não acho que traição seja sinônimo de falta de amor.
Não que eu tenha muita experiência em relacionamento,mas a verdade é que todo mundo comete erros.Eu mesma nunca digo nunca,talvez eu seja sempre fiel,talvez não.A gente não tem muita garantia quanto se trata de sentimentos,todo mundo sabe disso...
É engraçado como quando a gente é mais novo a gente sempre acha que nunca vai amar alguém mais do que você amou aquele namorado da época e você acredita que ele vai ser seu pra sempre.Nada é pra sempre e ninguém é de ninguém,não existem duas verdades maiores que essas.

Eu particularmente não acredito em casamentos.Talvez porque o dos meus pais seja um fracasso,talvez porque eu realmente não acredite que eu consiga passar o resto da minha vida com a mesma pessoa.
Quem sabe eu esteja errada,quem sabe um dia,vai aparecer alguém na minha vida e me fazer pagar pela minha língua.Mas já faz tempo que eu deixei de acreditar em príncipe encantado,embora de vez em quando eu me pegue imaginando 'àquela' pessoa certa.Eu não pediria flores,surpresas ou loucuras de amor.Apenas alguém que me surpreendesse de vez em quando,não necessariamente com gestos ousados.Alguém que respeite a minha privacidade e entenda quando eu precisar de um tempo sozinha.Alguém que nunca deixe que os meus dias caiam na rotina,alguém reclame do meu consumismo e ache as minhas amigas um saco.Alguém que odeie o meu egoísmo,e não precise de mim as 24h do dia.Alguém que ame odiar cada defeitinho meu e nunca acate as minhas ordens.Alguém que seja o oposto dessa fórmula do 'cara perfeito' que inventaram por aí,e que ria das minhas brincadeiras sem graça.Alguém que de vez em quando,só de vez em quando,me faça perder a respiração.



terça-feira, 30 de setembro de 2008

mercy

Às vezes eu sinto raiva de mim mesma.Raiva do meu egoísmo,raiva da minha mania de pensar que que todo mundo tem que fazer o que eu quero.Raiva de sempre falar o que me vêm à cabeça,e principalmente,raiva de afastar as pessoas de mim por causa do meu comportamento.

Eu sempre fui meio descrente em relação aos seres humanos e acho que isso me fez ter uma certa dificuldade para confiar.Minha melhor amiga,porém,sempre confiou fácil,se entregou aos relacionamentos e por incrível que pareça,ela é mais bem sucedida neles do que eu.Ela,na verdade,sempre teve uma espécie de inocência que eu nunca tive.Eu sempre fui insegura,embora demonstre o completo oposto.Eu obtenho sucesso na maioria das coisas que eu me proponho a fazer.Eu sei como me vestir,o que falar e o que fazer para ganhar território,mas eu tenho um medo enorme de ficar sozinha,de perder o amor daqueles poucos que sempre estiveram comigo.

Acho que todo mundo sabe o quão próx. eu sou da minha melhor amiga,apenas que me conhece só um pouquinho.Nós duas sempre fomos completamente diferentes uma da outra.Ela super acessível,eu absurdamente fechada.Ela sempre esperando o melhor das pessoas,eu o pior.Ela se vestindo com o primeiro jeans que encontrar no guarda-roupa,eu sempre me certificando se os meus sapatos combinam com a bolsa.Acima de qualquer coisa,nunca houve competição entre nós,eu sempre fiquei feliz pelas vitórias dela e ela pelas minhas,enfrentamos as fases ruins juntas,passamos por muita coisa,nunca nos arrependemos de nada.
O probelma é que as pessoas mudam,e eu,mais uma vez,tenho que dar o meu jeito de conviver com isso.Nem sempre eu dou o jeito certo,devo acrescentar.Às vezes o meu esforço para ser uma pessoa boa e compreensiva não dá em nada.Às vezes eu faço julgamentos,antagonizo as pessoas,e falo o que eu não gostaria de falar.
Eis que minha melhor amiga virou evangélica.Mudou um pouco,deixou de fazer certas coisas,e embora com um jeitinho carinhoso,ela reclama da minha impulsividade,da minha mania de só pensar em mim...
Deixem-me esclarecer:Ela é a mesma pessoa,apenas com mais princípios.E a religião não afeta a nossa amizade,mas afeta a maneira como eu me sinto em relação a ela.Eu não sei bem porque,mas simplesmente eu fico irritada e respondendo com sarcasmo quando ela menciona a igreja.Eu sei que é pedir muito que ela volte a ser do jeito que era.Sei também que o meu dever como amiga,é aceitar e apoiar e sei que mais uma vez,o grande problema em questão é o meu egoísmo.Eu quero que a vida dela volte a girar ao meu redor,ao redor das nossas saídas,ao redor das tardes que a gente passava juntas e de repente,ela me aparece cheia de novidades e pela primeira vez em anos,ela não está passando a mão na minha cabeça e dizendo que eu estou sempre certa.E embora eu consiga reconhecer a Gabriela e a Patrícia,eu não consigo reconhecer a 'Pati e a Gabi',como se fossem uma só pessoa.
E o que mais dói é saber que eu estou me distanciando mais e mais do que a gente foi um dia,e que ela continua se doando por inteira,mesmo quando eu mereço tão pouco.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

leftovers.

Fim de tarde.O céu mudando do laranja para o lilás,as luzes lá fora se acendendo e o mar se perdendo de vista aos pouquinhos,se misturando à escuridão da noite.
Eu trabalho melhor durante o dia.Quando o brilha formando miragens no asfalto e eu consigo em enxergar o azul esverdeado do oceano e a movimentação de barcos no porto.

Minhas roupas estão espalhadas encima da cama.A blusa Adidas e o short beige pelo averso e os óculos escuros empilhados em cima deles.Tem restos de Mc Donalds na minha escrivaninha e eu estou em um daqueles dias em que eu escrevo descontroladamente tudo que me vêm à cabeça.Dos pensamentos mais fúteis aos planos mais elaborados e aos sonhos que nunca se tornarão realidade.
Tem dois CDs virgens ainda vazios na minha prateleira e dois envelopes coloridos também.Eu sinto como se tivesse trazido a velha Patrícia de volta.Embora eu não saiba se isso é bom ou ruim.
Meu Deus,o que os outros vão achar dela?

As batatinhas que eu não comi me parecem convidativas,mesmo que frias e o barquinho lá longe já acendeu os pisca-piscas.Para ele,sempre é Natal.E eu o observo todo dia desta mesma janela,em meio à todas as minhas manias e peculiaridades.E em meio ao tédio também,todo mundo sente um pouquinho de vez em quando...
Quando as portas são trancadas e as luzes são acesas,eu estou por minha conta.
E de vez em quando,soa ótimo.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

back when my thoughts were entirely intact

Sabe quando os dias começam a passar apressados demais e você tem a impressão de que não tem mais tempo para respirar?Pois é...
O que se pode fazer em dias que nem esses,exceto parar,respirar e se certificar de que está tudo bem,que é só uma fase e as coisas vão voltar ao normal?
Eu nunca acreditei em destino ou fiz promessas.Nunca acreditei em amor à primeira vista ou em pessoas ou situações perfeitas.Embora de vez em quando seja necessário acreditar em algo para atravessar o dia.Nem que seja você mesmo,na força de vontade que você não sabia que tinha.

Às vezes eu me surpreendo comigo mesma.Com a maneira que eu lido com as coisas,com a minha total falta de controle diante de certos sentimentos e de vez em quando,com o meu total controle sobre eles.Eu tenho medo de falar sobre os meus fantasmas em voz alta e eles se tornarem realidade.Para alguém que nunca acreditou em muita coisa,por um tempo eu achei que era uma supertição boba,mas agora eu vejo que é completamente humano.Talvez seja o que acontece com a maioria das pessoas,elas se trancam.E isso me levou a imaginar como seria se todos nós falássemos sobre os nossos medos em voz alta,para chegar a conclusão de que não haveriam mais segredos.E qual a graça de viver sem imaginar,certo?

Eu,por outro lado,acho que me escondo demais da realidade.Aparentando felicidade,quando a minha cabeça é uma bagunça de sentimentos e idéias.Aparentando tristeza pelo mero prazer de ser dramática.
Talvez eu tenha medo de que um dia,as pessoas me enxerguem de verdade e vejam que eu sou mais frágil e vunerável do que eu demonstro.As aparências enganam.
Eu só imagino,que quando acontecer,que quando alguém desvendar todos os meus medos,vai ser um daqueles momentos únicos em que você parece ter perdido o fôlego,e finalmente,eu vou poder juntar o passado e o futuro dentro de mim.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

flames.

Eu estava pensando sobre o dia em que eu tirei o líquor da coluna.Naquele dia,repensando a gravidade dos fatos,eu estava bem doente.O que era óbvio,pela perda de peso e as minhas fraquezas.Também acho que o procedimento usado pra tirar o líquor da coluna é o mesmo ultilizado para quando você vai doar a sua medula para alguém.E embora,eu fale que não lembre do dia em que eu fiz o exame,eu tenho sim algumas lembranças concretas.Não só aquelas recordações nubladas que você tem de certas coisas,mas uma memória de verdade.Minha mãe chorando e observando tudo meio de longe,o mundo nos olhos.Eu deitada na cama enquando os médicos conversavam comigo e eu brincava distraída com o colar da minha madrinha.Da dorzinha chata daquela agulha enorme nas minhas costas e de não ter derramado uma única lágrima durante todo o processo.
Pensando nisso,eu cheguei a conclusão de que a gente não tem muita idéia das coisas quando é criança.Ou melhor ainda,a gente é mais otimista.
Quer dizer,eu sabia que estava doente,mas ainda assim as coisas pareciam bem.E esse sentimento todo me parece genuíno,como se fosse algo em que eu realmente acreditasse,ao invés de uma mentira que eu tinha inventado para mim mesma,ou um sorriso forçado pra certificar para minha mãe que tudo ía se resolver da maneira certa.

A verdade é que eu acho que naquela época eu era bem mais forte do que eu sou hoje.Que eu podia carregar a minha família inteira nas costas e ainda não sentir o peso disso.Que eu não tinha medo de agulhas ou de descer um rampa de patins.Que eu não costumava medir as palavras e sempre pensava em voz alta o que não devia.Que apesar das complicações,eu não tinha medo de ser feliz,de levar um não,de tomar a decisão errada.
Talvez eu pense demais hoje em dia.

Talvez parar de pensar por uns tempos me fizesse um bem danado...

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

all you need is love

"Amor é tudo o que você precisa."
Eis o trecho de música que perdura anos.Simples,sincero e direto.E eu,entro outros milhões,sou obrigada a concordar.
De fato,você não precisa de muito quando se tem amor.Óbvio,dinheiro e saúde também não matam ninguém,porque como diria a minha avó,amor não enche barriga.

Outro dia estava indo de carro para a faculdade e vejo um outdoor em plena Av.Engenheiro Santana Júnior,"Fulano de tal,enternas saudades.De sua esposa,filhos e netos".Eu lembro de ter me perguntado na hora,de que adianta tudo isso,toda essa demonstração de afeto,se a pessoa não está aqui para ver o quanto foi amada?Ou pior ainda:e se essa pessoa nunca soube que foi amada enquanto viva?No final das contas,calei minha boca e os meus pensamentos e deixei a dor e o outdoor dos outros em paz.Mas a idéia de alguém que nunca se sentiu amado me acompanhou o dia todo.E cada vez que eu pensava no assunto,mais difícil era de acreditar que existisse tal coisa.

Talvez por eu ter recebido amor em dobro durante a minha vida inteira e nem sempre ter dado o devido valor a isso,eu ache essa coisa toda de alguém que nunca foi/sentiu-se amado um tanto impossível.
Quando eu paro pra pensar na minha infância,ou até nesses últimos anos,eu lembro dos fatos tristes e marcantes é claro,mas por mais incrível que isso possa parecer,minhas lembranças felizes,de algum jeito,conseguem superar aquelas que eu não faço tanta questão assim de lembrar.
Os abraços da minha mãe,ou as nossas caminhadas pela D.Luís rindo sem parar.Do dia na casa da Carol em que a gente colocou sabão no chão pra escorregar.Das inúmeras tardes que eu passei com a Gabi,sem fazer nada,apenas esperando que as horas se arrastassem e aparecesse um programa legal pra nos tirar do tédio,e o fato de a gente nunca ter tido uma única briga.Ou dos filmes da Disney que a gente assistia juntas-e nunca cansávamos!Dos meus anos de 7 de Setembro e todas as aulas gazeadas e manhãs jogadas fora.Do 3º ano conturbado e de toda a pressão pré-vestibular.Do dia-a-dia com os meus amigos da faculdade,que são basicamente a prova viva de que eu consigo sim fazer amizades sozinha e que se mostraram tão importantes e tão amados em um espaço de tempo tão pequeno.Ou até aqueles momentos qua a gente nunca viveu,mas imagina.

E quando eu preciso de provas,basta olhar para os dois porta-retratos no criado mudo.Eu e meus pais no primeiro.Eu devia ter uns dois ou três anos,no Icaraí,meu pai segurando de um lado e minha mãe de outro,enquanto eu pulava as ondas.É quase possível escutar os meus gritos de alegria quando eu vejo o sorriso orgulhoso dos pais mais corujas do mundo.A segunda,foi tirada aqui nesse mesmo quarto.Eu tinha por volta de oito anos,uns dentes faltando e um curativo no pé.E eu lembro como se fosse hoje desse dia!Nossas carinhas bochechudas ocupam praticamente a tela inteira,nem dava pra ver o curativo no pé,ou as barbies jogadas na cama.Só o nosso sorriso banguelo em perfeita sintonia,as bochechas coladas,os olhos cheios de lágrima de tanto rir e uma sinceridade e uma pureza tão grande,que a sinceridade e o amor quase podiam ser tocados.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008


It was you who picked
the pieces up
When I was a broken soul
And then glued me
back together
Returned to me what

others stole
.

sábado, 30 de agosto de 2008

tipo mágica

Minha mãe sempre reclama da bagunça do meu quarto,da minha mania de deixar os compromissos pra depois e enlouquecer quando não tenho tempo o suficiente para fazer o que eu quero.Pense o que quiser,mas eu tenho uma filosofia de que as coisas tem de ser imperfeitas,às vezes.Caóticas.
Eu gosto da minha falta de organização para ser sincera.De correr contra o tempo,de um lado para o outro,tentando dar conta de todos os meus compromisos.De me virar em cem e chegar em casa exausta no final do dia...eu sempre tive essa tendência à abarcar o mundo com as pernas e reclamar dos meus milhares de afazeres.

Eu só acho que não vale a pena passar uma vida inteira em frente a uma televisão.Talvez eu tenha me trancado muito,durante muito tempo com medo de me machucar,de me decepcionar com as pessoas.E o que eu aprendi depois de todo esse tempo foi a quantidade de oportunidades que eu perdi.
A pessoas sempre vão cometer erros uma vez ou outra,te ferir com palavras ou com atitudes,mas isso também é parte de ser humano.Perdoar sempre,sempre é preciso,com aqueles poucos e bons dignos de sua amizade e o seu respeito.
Outra coisa que eu aprendi é que você sempre vai ter de enfrentar um ou outro obstáculo,ou talvez muitos,mas o mundo não para de girar para que você censerte os seus erros ou emende o seu coração.E a maior lição que a vida me ensinou,é que ela sempre continua.

E não se preocupe em entender as pessoas ou entender a si mesmo,porque como diria Clarice,viver ultrapassa qualquer entendimento.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

unspoken words

Fora dos trilhos.
Eu sempre fui a filha perfeita,a garota inteligente e apaixonada por livros,com grande potencial.Acho que em algum lugar no meio do caminho eu acabei me perdendo.Perdendo o meu rumo quando todo mundo parecia se achar...Talvez seja só parte dessa fase de amadurecimento,talvez eu tenha cansado ou talvez o encantamento simplesmente acabou e eu parei de me importar com certas coisas,perdido certos valores.

Eu lembro que quando eu era criança,era incapaz de responder uma ofensa e que o meu excesso de timidez me impedia até de fazer meu pedido no Mac Donalds.E eu lembro de me esconder atrás da minha mãe também e de sempre voltar de festas dormindo no colo do meu pai(ou fingindo dormir,porque eu adorava ser carregada nos braços).
Eu lembro da fase do medo de escada rolante e das viagens para Campina Grande.Da minha fase ingenua,sempre constrangida quando falavam em sexo perto de mim.E da fase do primeiro beijo,das matanças de aula,quando as coisas começaram a desandar.Da primeira taça de vinho branco,do meu antigo sonho de ter uma despedida de solteira em Las Vegas.Minha fase baladeira e minha fase mais quietinha...Tanta coisa até chegar ao que eu sou hoje,que minhas memórias do ano passado parecem distantes demais agora...

Eu lembro de nunca ignorar as pessoas também,de medir as palavras,de nunca agir por impulso.De ser paciente e compreensiva e de nunca passar por cima de ninguém e sempre valorizar o sentimento dos outros.E essa pessoa,essa Patrícia do passado é tão diferente dessa aqui que chega a assustar.
Hoje em dia eu me pergunto como eu fui capaz de fazer certas coisas por puro capricho.Por fazer valer minha vontade a qualquer custo,não importa quantas pessoas saiam machucadas.Por tomar decisões e assumir responsabilidades que eu não tenho a mínima condição de arcar por impulso e por insegurança,querendo preencher um vazio qualquer.Por ser cruel com quem não merece principalmente.Por ter perdido muito dos meus princípios ao longo desses anos.
Para o bem ou para o mal,eu me arrependo de certas coisas,de certas palavras ditas.Mas se um dia eu chegar a ter de volta qualquer coisa que me lembre daquelas tardes nubladas,eu só gostaria que fosse a minha inocência.

sábado, 23 de agosto de 2008

De repente,é como se eu tivesse criado asas.
me desfeito dos papéis amassados,páginas viradas,colocado o passado no lugar que lhe pertence,guardado comigo as boas memórias.Com os mesmos medos bobos,a mesma mania feia de pegar nos cabelos e por os pés em cima da mesa.
Os sonhos mudam,a gente cresce e continua se descobrindo vezes e vezes sem conta.Conhecendo novas cidades,fazendo novos amigos,vivendo o que se tem de viver.Toda dor precisa ser sentida,me disseram uma vez.As pessoas,os desapontamentos e alegrias vem e vão,certas coisas continuam intactas.Outras você teima em acreditar que vão ficar aonde as deixou e quando menos espera elas vão embora...

Máquinas são mais fáceis de manusear que pessoas,porém você não se afeiçoa a elas,ou aprende a conviver com suas falhas e defeitos,mesmo que elas não tenham concerto.
A gente se acostuma com quase tudo,foi uma das lições que eu aprendi.Menos com a saudade.

"Felicidade só é completa quando compartilhada"



domingo, 17 de agosto de 2008

Coisas andam intensas ultimamente...
Os dias estão passando rápidos,apressados,as pessoas andam mais depressa na rua.O sol parece se por mais cedo e as horas de sono não são suficientes.
As vezes eu me pergunto se é normal sentir o que eu sinto,esse sentimente de que as coisas estão passando por mim rápido demais,ou se eu estou entrando em uma espiral de loucura em que é difícil sair.

É como se,de repente,eu tivesse me desviado dos caminhos que eu havia escolhido para mim,quebrado as minhas próprias regras e agora eu enxergasse que,na verdade,eu não tinha muita escolha.É tudo,de fato,uma questão de visão.De como a gente ver a vida,as pessoas e os lugares ao nosso redor,a maneira que a gente enxerga a si mesmo.

Eu não sei de muita coisa,agora.São tantos os meus medos e minhas angustias.Tantas perguntas sem resposta e tão pouco tempo para buscá-las.Tudo isso se misturando com os meus sonhos,os meus ideais,minha vontade de mudar as coisas,de tocar as pessoas de alguma forma.

Quem sabe com um abraço...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Hoje fui ao meu antigo colégio e na saída vi duas garotas conversando,na faixa dos doze anos de idade mais ou menos,fazendo planos para o feriado.E por um segundo,eu me vi alí.Me ví naquele colégio,naqueles corredores largos,reconheci cada entonação,o modo como elas gesticulavam,o brilho nos olhos de quem ainda tem muito o que aprender,muito o que mudar.
E ao mesmo tempo que eu senti uma saudade desesperadora da minha infância,dos dias em que eu passava o dia inteiro alí,tentando quebrar todas as regras impostas,eu percebi também o quanto eu mudei ao longo desses anos,e que apesar de já ter tido mais experiências,vivido um pouco mais,esse é apenas o começo do caminho...

domingo, 10 de agosto de 2008

reticências

Dia dos Pais.Os velhos e bons almoços em família.
Há muito já deixei de sentir uma conexão,na verdade.Não dos meus pais,mas familiares em geral,daqueles que por mais que você conviva,nunca vai entender o porque de certos preconceitos,certas idéias...
De certa forma,eu sempre fui "a diferente".A que não gosta de axé,nem de sair pra balada,a louca obsecada por livros e filmes de arte e que é tão incrivelmente tímida que nunca faz uma visita.

Eu nunca busquei aceitação,na verdade.Sou perfeitamente feliz em meio aos meus livros e todas essas páginas viradas.Em meio aos amigos verdadeiros e os abraços.Em meio aos meus discos de MPB e o bom e velho rock n' roll,em meio a todas aquelas cenas de filmes e beijos de cinema.E perfumes,e risades e lágrimas que eu derramei(ou que eu enxuguei).
Entre os meus milhares de amores e cartas jogadas fora,entre despedidas e viajens,entre um copo e outro,um passo e outro,eu posso dizer que eu ainda tenho sonhos.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

acaso.

Eu tenho saudades daquele tempo perdido,das conversas jogadas fora,dos dias escuros,nublados em que eu me deixava levar pela nostalgia ou me entregava a felicidade de um reconfortante banho chuva.
Que destino tiveram os sonhos que eu tive,os segredos que eu troquei à meia noite com a minha melhor amiga?Os abraços e beijos,os meus sapatos espalhados pelo quarto,as marcas pés na parede branca,minhas fotografias.
Aonde foram parar as brincadeiras de infância,os lápis de cor e meias coloridas?Ou os parquinhos e bonecas.As corridas descalça na areia da praia,cabelos ao vento,gritos de alegria.O mundo se extendia à minha frente e tudo ao meu redor parecia vivo.

Uma coisa é certa,determinadas coisas a gente nunca esquece.Viver no passado ou seguir adiante?Se segue adiante sem lembrar do passado?Recordamos o passado seguindo adiante?
E o que é viver se não colecionar cada pedacinho do seu passado?Da sua infânica,dos amores e dos amigos.E dos dias solitários em que você só queria um ombro para chorar?
Como esquecer dos companheiros de sala,dos diferentes lugares que conhecemos,dos infinitos sentimentos,de um beijo roubado?Daqueles que foram embora sem deixar vestígios...
O que seriam de todas essas memórias se não tivessem sido compartilhadas?

O melhor de tudo,no final das contas é saber que não estamos sozinhos e que somos mais parecidos com as pessoas ao redor do que imaginamos.Que de certa forma compartilhamos os mesmos medos,as mesmas inseguranças e planos malucos.Os mesmos sonhos inconstantes,fora de ordem.
Que de repente sejá mais válido ter dois pássaros voando do que um na mão,e eu aprendi por conta própria que ter certeza,é melhor do que imaginar.
E que talvez um dia você e esse outro ser,se encontrem por aí.Dois mundos completamente opostos,sentimentos similares.Duas estrelas cadentes colidindo.Um acidente esperando para acontecer.Magnetismo.Chame do que quiser.

Eu chamo de amor.




sábado, 19 de julho de 2008

eu não sei o que fazer quando as pessoas começam a chorar na minha frente,fato.

eu lembro de uma vez na oitava série que uma amiga minha começou a chorar porque o pai dela queria tirá-la do colégio.E tudo que eu consegui fazer foi ficar lá uns bons dez minutos mexendo no cabelo dela.Eu lembro também de outra vez,quando eu devia ter uns oito anos,que eu pisei na mão da Gabi e comecei a chorar junto com ela.Eu me senti tão culpada na época!

enfim,eu sei o quanto ela precisa de mim agora...o quanto a gente precisa uma da outra na verdade.Por causa de tudo o que a gente está passando,por todas essas mudanças,pelo fato de que as coisas andam tão inconstantes ultimamente,que é como se a nossa vida fosse dar uma virada inesperada nunca mais voltar ao normal.E talvez nunca volte.

Eu me sinto tão distante da minha mãe,como se de repente eu tivesse me tornado uma pessoa separada dela.Eu não suporto o modo como ela sempre acha que me conhece bem demais,ou que pode tomar minhas decisões por mim,e eu simplesmente não sei porque isso aconteceu.
Quer dizer,nós duas sempre fomos bem próximas e eu tenho tantas boas memérias sobre as nossas conversas,nossos passeios,nossas compras,que eu sei que por mais que eu me sinta distante,uma parte de mim sempre será ligada a ela,ela é parte de mim,tão crucial quanto o meu próprio coração.
E eu me sinto tão fraca às vezes,tão impotente,que eu queria só por um momento ter metade da força dela,me fazendo enfrentar coisas que ninguém no mundo conseguiria.

É tão estranho ver o quanto eu mudei nesses últimos anos.Que de repente tudo aquilo em que eu acreditava despareceu misteriosamente da minha vida,que os meus conceitos são outros,que a minha visão a respeito das pessoas também e que depois de ter passado por tanta coisa,ter feito tanta besteira,eu ainda não sei direito quem eu sou de verdade.
Eu suponho que a gente toma muita coisa como certeza,e como definitivas também.Eu nunca,jamais imaginei que eu teria uma opinião sequer diferente de minha mãe,que eu e minhas amigas teríamos oito anos para sempre,que certos relacionamentos nunca chegam ao fim,que o colégio também não chegaria...Eu não pretendia ser tão cética,ou tão fechada para relacionamentos ou me esconder atrás do meu humor negro,como se eu tivesse medo de que as pessoas realmente ne conhecessem,montassem o quebra-cabeça e resolvessem o mistério.
A gente cria tantos conceitos a respeito de sí mesma.Eu sempre achei que não era o tipo de garota que se apaixonava,até que certo dia aconteceu e eu me peguei fazendo o que eu prometi à mesma nunca fazer,chorar por um garoto.Eu me forcei a ser essa filha perfeita,amiga perfeita,até que chegou o dia em que eu cansei e resolvi jogar tudo pro alto,todos esses anos de esforço.Eu coloquei essas idéias de o quanto eu era imbatível e segura de mim mesma,até as coisas mudarem e ficarem dificeis demais de lidar...Talvez eu tenha "achado" demais,criado para mim essa vida perfeita:T

mas é bom saber que certos laços não se quebram :)

domingo, 6 de julho de 2008

lack of color

eu deixei de sentir tanta coisa que é como se o tempo tivesse parado há um ou dois anos atrás.E é assim que a gente percebe que anda vivendo de saudade.
As coisas mudaram,eu percebo agora,e eu tenho milhares de palavras entaladas na minha garganta que ainda não sei como falar,ou para quem falar.Me conte mais sobre se sentir sozinha em meio à milhares de pessoas.

Eu queria ter seis anos outra vez,e ir ao Mc Donalds aos domingos com o papai,só nós dois,porque tudo que eu sei sobre o meu pai hoje,eu aprendi naqueles manhãs de 1996.
Me levem de volta para aqueles dias em que eu me entendia com a minha mãe,para aqueles dias em que a gente saía apé pela Dom Luís rindo sem parar.
Eu quero voltar para o último semestre do curso de inglês,para os sábados desperdiçados com as pessoas mais amáveis do mundo.

Eu sei que toda família tem lá os seus problemas,mas de vez em quando é difícil de acreditar que exista alguma que tenha mais que a minha.É uma visão pessimista,assumo.Egoísta,de certa forma.Mas veja bem,quando você não tem idéia do que vai acontecer,nenhuma opção parece plausível.
Você acaba descobrindo cedo ou tarde,essa é a verdade.

Nostalgia.Palavra bonita para um sentimento igualmente belo.Um brinde às nossas infâncias e os dias em que a gente ria até a barriga doer.

terça-feira, 1 de julho de 2008

alive.

Nesse começo de semana tudo o que eu fiz foi ficar com as amigas.E eu devo dizer que tem um certo conforto nisso,jogar conversa fora sem se preocupar com o mundo lá fora,que distante do nosso mundinho feminino e claustrofóbico tem milhares de coisas acontecendo...

Domingo de manhã fui à igreja com a Carol e a Gabi.Crenças à parte,sempre que uma delas chama,eu vou.Não sou evangélica nem nada,mas eu me sinto mais em paz alí.Por motivos que eu não consigo explicar,mesmo que eu não concorde com a maioria das coisas que eles tentam ensinar.
Eu gosto de andar por aquele pátio com as meninas.Da Carol implicando com todo mundo,da Gabi meio perdida,como sempre...e da volta pra casa,cantando no carro,rindo horrores de milhares de bobagens,me salvando do tédio do domindo de manhã.Definitivamente mehlor que dormir.

Ontem à tarde estava nervosa,tendo umas das minhas crises de ansiedade que sempre aparecem sem aviso prévio.Gabi ligou e pela primeira vez em muitos meses eu consegui falar tudo o que eu sentia.E foi bom ter alguém do outro lado da linha,apenas escutando,sem nunca julgar.
Fui para à casa dela uns minutinhos depois.Eu mostrei à ela a capa da Vanity Fair(futilidades à parte...),ela falou que jamais usaria o meu vestido e como não podia deixar de ser nós duas acabamos no sofá,assistindo um episódio de The O.C.,seguido de 'A Noviça Rebelde',como direito à pipoca,coca,passatempo e cantar as musicas,claro.

No final acabou tudo bem.E é tão bom dizer isso.


domingo, 22 de junho de 2008

castelos de areia

Lá vou eu outra vez,de volta ao único lugar que eu não gostaria de voltar.Desejando acima de tudo escapar do mundo real.Em meio a desejos secretos,conversas de madrugada e lágrimas que passam despercebidas eu embarco mais uma vez.Para dentro de mim,para fora de casa.De volta aos meus anos criança.E talvez nem seja tarde demais.

A gente se decepciona com as pessoas,espera demais delas,elas esperam demais da gente.E como eu me sinto no meio disso tudo?Um estrangeira.Alguém que veio de muito,muito longe,mas não quer voltar para a terra natal.Porque de alguma forma,ela gosta do desconhecido,das coisas intactas.Ela gosta do escuro,de perceber que as coisas permanecem exatamente iguais quando o dia amanhece.Ela sonha coisas boas,afasta os pensamentos ruins da cabeça e que ter força e coragem para o que der e vier.Mal sabe ela que é mais forte do que imagina,mesmo estando prestes a se quebrar.

Entre todas as coisas bonitas,ela prefere o mar,o ir e vir sem razão das ondas,a certeza de que naquelas profundezas,nada nunca é certo.Assim,como nas profundezas dela própria,nada também nunca é.E ela não acredita em destino.

Entre páginas viradas e roupas ao avesso,ela caminha devagar,mas nunca contando os passos ou medindo as palavras,apenas observando aquele contato.Pés.Chão.Pele.Granito.
Ela gosta de banho frio e café quente.Da coca-cola gelada de cada dia e do cheiro de grama sendo cortada.Ela gosta de aves levantando vôo,ela gosta de asas.
De tudo o que restou,ela se apega as coisas sem sentido.Ela jogou no lixo as cartas de amor.
Ela gosta do silêncio,dos dias de sol fraco e chuva forte,das noites bem dormidas,do frio.Do calor dos abraços,do beijo da mãe,a cabeça no ombro da melhor amiga,lágrimas que ela não chorou,sonhos que ela nunca teve.
Ela procura aromas e gostos,aventura e angústia,paixão e compaixão.Perdão de alguma forma.
Perguntas sem resposta.

sábado, 21 de junho de 2008

wild roses.

Eu acho que a minha vida inteira as pessoas esperaram mais de mim do que eu era capaz de dar.Sendo mais específica,talvez eu tenha me tornado alguém diferente do que as pessoas esperavam.Bom,de vez em quando é difícil se conseguir o que quer,é como tomar um banho de loja sabendo que a conta do cartão de crédito vai chegar no final do mês.Resumindo,ninguém e nada é perfeito,como já dizia o clichê,muito embora metade da minha família tenha se forçado a acreditar que eu era.

Não sei,talvez eles esperassem que eu fosse mais simpática,mais sociável,que eu tirasse umas notas vermelhas no colégio de vez em quando,que eu fosse ao Mucuripe nos finais de semana e estourasse a conta do celular.A verdade é que eu nunca precisei de muito para me divertir,sempre fui tímida,nada sociável,sempre na defensiva.Escuto música que ninguém mais escuta,leio compulsivamente e trocaria sem pensar duas vezes uma balada por uma caixa de chocolates Godiva e uma noite de filmes com as amigas.Ok,eu estouro o cartão de crédito de vez em quando,mas,God dammit,eu odeio celulares.
E eu passei a minha vida inteira convivendo com isso,com a surpresa das pessoas com relação ao que eu me tornei.O que é perfeito para alguns é completamente distorcido para outros.E eu sou simplesmente apegada demais ao meu mundinho para desistir dele pela vontade alheia.
Eu amo o meu quarto e as almofadas jogadas em cima da cama,eu amo a vista da minha janela,a maneira que o mar sempre muda de cor algumas vezes por dia.Eu amo a confusão de tiaras no meu armário de bijuterias,e a minha pulseira Tiffany sempre jogada em alguma prateleira.Eu amo os meus albúns de fotografia,desorganizados demais para se mostrar a alguém.Os meus sapatos espalhados pelo quarto,a minha tara por sapatilhas.Eu adoro o jeito que as minhas roupas sempre são divididas entre "de ficar em casa" e "de sair" e que o meu guarda roupa tenha mais renda e cetim do que o normal.E laços também.
Eu gosto das minhas barbies encaixotadas em algum lugar,e sinto falta delas,admito.Eu gosto de colocar um brilho labial em cada bolsa,ter duas necessaries iguais e de gostar de broches com strass.Eu amo o cheiro dos meus perfumes se misturando no guarda roupa,os sabonetes importados já perdendo a validade,e aqueles frascos que eu nunca quero jogar fora.Eu amo ter uma gaveta pra tudo que se possa imaginar,eu gosto de usar meus biquínis uma vez no ano e olhe lá.Eu adoro caminha na Dom Luís,ir apé até o Del Passeo.Bater foto de objetos,eu amo o meu emaranhado de livros e DVDs nas minhas estantes.Daqui a pouco eu monto uma locadora e uma biblioteca.Eu amo gastar meu tempo escrevendo bobagem,lendo em inglês em voz alta,escutar Death Cab deitada na grama,cantar Elis Regina com a Carol e a Gabi e rir horrores assistindo Dexter.E eu gosto de pintar em telas,embora nunca mais eu tenha o feito.Eu gosto até do tédio que sinto de vez em quando,de sentir a claustrofobia de ser uma menina com mais princípios do que se imagina.
E eu gosto de estar aqui,exatamente aonde eu estou agora,pq de todos os lugares do mundo,esse é um único em que eu posso ter sonhos,quando o resto do mundo parece não tê-los.


sexta-feira, 13 de junho de 2008

...mas as flores sempre retornavam em dobro,como crianças desapontadas ou desejos contidos.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Era uma vez duas garotinhas,na faixa dos dez anos de idade.Uma filha única a outra a menina esperada por anos,um milagre,como os pais gostavam de chamá-la.
A filha única tinha um bicicleta lilás,a outra por sua vez,mimada e perfeccionista,ainda esperava pela bicicleta perfeita,a Caloy cor-de-rosa que ainda não havia chegado em loja nenhuma.
Então com seu aniversário e o dia das crianças se aproximando e nada da Caloy rosa chegar nas lojas,a garotinha mimada,resolveu dar uma volta na bicicleta da melhor amiga.

A história inteira da amizade das duas não fazia o menor sentido.Uma era solta,livre,a outra sempre presa,com medo de arriscar.Enquanto uma não dava a mínima para a opinião alheia,a outra fazia de tudo para que sua reputação permanecesse intacta.Uma feliz sem irmãos e sem pai,a outra sempre em busca de tapar os buracos da família perfeita.A única semelhança entre as duas,porém,eram seus sonhos,aquilo que elas sabiam,com toda a convicção do mundo que nunca tirariam delas.Talvez por isso se dessem tão bem.Talvez por isso com o tempo,as duas foram se acostumando com aquelas coisinhas que para elas,antigamente,pareciam estranhas,fora da ordem normal das coisas.Talvez por isso aprenderam a cuidar uma da outra,a ouvir,e entender e a compartilhar cada momento.
E talvez,mas só talvez fosse nisso que a garota mimada estava pensando quando caiu da bicicleta.A melhor amiga,ao ouvir o baque,correu preocupada para o lado da menina que se contorcia perto da bicicleta lilás,e a preocupação do rostinho da menina que era sua melhor amiga já a quatro anos,foi algo que aquela garotinha,chata,mimada que só conseguia pensar em si mesma,começou a se preocupar com alguém além dela.

Na noite que ficou conhecida como "a-noite-em-que-a-Pati-caiu-bicicleta-da-Gabi",após a volta do hospital,após o braço engessado e depois de comerem sonho de padaria no quarto cor-de-rosa da menina que tinha tudo que queria,elas conversaram e riram até a barriga doer e nada mais restar a não ser a vontade de arrancar logo aquele gesso do braço e poder brincar e correr novamente.

Semanas se passaram depois do incidente do braço quebrado e a menininha mimada acabou esquecendo da bicicleta perfeita,da Caloy rosa e brilhante,cheia de adesivos,mais bonita do que as das outras meninas,só voltando a lembrar dela mais de um mês depois talvez,assistindo algum filme idiota da Sessão da Tarde com a amiga inseparável.Foi no sofá da garota que sabia como se divertir que a garota que tinha tudo o que queria percebeu que não tinha a bicicleta perfeita.

Mas quem precisa de bicicletas quando se tem amigos,certo?!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

the seasons have changed and so have we.

Escolhi essa foto basicamente por causa da paisagem ao fundo,me lembra a fazenda do meu pai.Eu odeio ir para lá hoje em dia,mas sempre que eu vou acaba me servindo para alguma coisa.Nem que seja para passar um final de semana longe do barulho dos carros.
Talvez eu seja apegada demais à minha rotina,à esses detalhezinhos que me cercam,à bagunça do meu quarto,às roupas espalhadas pelo chão,aos milhares de sapatos que eu deixo jogados.À certeza de que eu sempre terei o que eu preciso ao meu alcance.

Um dia quando eu era criança eu pedi para minha mãe bater um foto minha correndo no meio das árvores.Essa é uma das poucas lembranças nítidas que eu tenho dos meus quatro ou cinco anos de idade e eu lembro como se fosse ontem porque é uma das minhas melhores memórias,a sensação de liberdade que eu senti.Hoje em dia eu sei que não seria a mesma coisa,a gente muda...
Enfim,muita coisa aconteceu depois "do dia em que eu tiraram uma foto minha correndo",coisas que não valem tanto á pena lembrar e talvez por isso,mesmo tendo mais lembranças felizes do que tristes da fazenda do papai,essa sempre se destaca me fazendo evitar ir para lá.O final da tarde é outra coisa que eu não suporto quando estou lá,não sei bem explicar porque,mas me sufoca.

Olhando para trás agora,eu percebo o quando eu ainda tinha para aprender naquela época.

domingo, 1 de junho de 2008

...

A gente enterrou o nosso amor na neve e nos surpreendemos quando nos disseram que nada havia restado de você e eu.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

all we are

Tenho pensado demais no passado ultimamente.É engraçado como as coisas que a gente costumava amar quando éramos mais novos sempre preservam um certo fascínio.Olhando pra trás eu percebo o quanto os meus ideais mudaram,mas que eu ainda sinto o mesmo carinho por aqueles antigos,enterrados no fundo de uma gaveta.
Quando eu era mais nova,eu costumava acreditar que tudo na minha vida duraria para sempre.Que não importava o quanto eu mudasse,quantas vezes eu fosse embora,quando eu voltasse tudo estaria exatamente aonde eu havia deixado.E eu sinto falta dessa sensação,da sensação de invencibilidade,mesmo que hoje eu saiba o quanto isso tudo é ilusório.Isso se torna óbvio quando eu olho pras amigas que cresceram comigo,o quanto nós deixamos de pensar exatamente igual para nos tornarmos três pessoas separadas.O quanto os nossos sonhos se diferenciam agora,o quanto as nossas crenças mudaram,o quanto o nosso mundinho evoluiu para algo bem maior,algo que a gente não pode controlar nem prever.E é estranho como tudo aquilo que a gente deixou pra trás parece distante demais agora.

Não que isso mude alguma coisa em relação ao que a gente sente uma pela outra.É só triste de certa forma,ver o quanto a gente cresceu,o quanto a gente está longe daquilo que a gente idealizou para as nossas vidas no passado e o quanto hoje em dia,nada daquilo faz sentido.É como se a gente tivesse total controle sobre os nossos destinos e de repente isso tudo vai por água a baixo,substituindo o que a gente queria por outra coisa.Talvez a gente já esperasse por isso,talvez em algum lugar nos nossos pensamentos a gente soubesse que o conto de fadas não duraria pra sempre,que a vida adulta chegaria,junto com ela as responsabilidades e que cada uma de nós lidaria com isso de forma diferente e que muitas das nossas atitudes poderiam nos pegar de surpresa,tão de repente que nos deixariam sem ação.

Cada uma de nós enxerga o mundo de uma forma diferente agora.Uma de nós confiante,as outras duas nem tanto,mas agora eu sei que não poderia ser diferente,mas eu também sei que não importa o quanto a gente se distancie,cuidemos separadamente das nossas próprias vidas,tenhamos de lidar com os nossos próprios problemas,naqueles dias em que tudo da errado e eu vou estar de saco cheio da minha vida e da droga das responsabilidades é na porta delas que eu vou bater,chegar sem avisar e depois que a gente deitar no chão frio e relembrar a nosso infânica,elas vão advinhar o que eu estou pensando sem que eu precise falar.

terça-feira, 20 de maio de 2008

restos.

"Mas agora me deixem falar-lhe sobre alguém especial:
Em seu quintal,Lindsey fez um jardim.Eu a via limpar o comprido e largo canteiro de flores.Seus dedos se torciam dentro das luvas enquanto ela pensava nos pacientes que via todos os dias em seu consultório-em como ajudá-los a entender as cartas que a vida lhes dava,em como aliviar sua dor.Lembrei-me de que as pequenas coisas eram as que muitas vezes fugiam ao entendimento do que eu considerava seu grande intelecto.Ela levou uma eternidade para entender que eu sempre me oferecia para aparar a grama dentro da cerca,porque podia brincar com Holiday enquanto trabalhávamos no quintal.Então ela se lembrou de Holiday,e eu segui seus pensamentos.Como dentro de alguns anos seria hora de comprar um cachorro para o seu bebê,quando a casa estivesse arrumada e cercada.Então pensou em como agora existiam máquinas com cordas resistentes capazes de aparar uma cerca-viva de um canto a outro em minutos-coisa que levávamos horas reclamando para conseguir fazer.
Então Samuel saiu da casa em direção a Lindsey,e ali estava ela no colo dele,minha linda neném gordinha,nascida 10 anos depois dos meus 14 anos na Terra:Abigail Suzanne.Para mim ela era a pequena Susie.Samuel pôs Susie em uma manta perto das flores.E minha irmã,minha Lindsey,deixou-me em sua lembrança,onde era o meu lugar.

~

E dentro de uma casinha a oito quilômetros dali um homem mostrava a minha pulseira de amuletos incrustada de lama para sua mulher.
-Olha o que eu encontrei na antiga zona industrial-disse ele.-Um cara da obra disse que eles estavam demolindo o lote todo.Estão com medo de outros semidouros como aquele engolirem os carros.
Sua mulher lhe serviu um copo de água da bica enquanto ele apalpava a minúscula bicicleta e a sapatilha de balé,o cesto de flores e o dedal.Ele lhe estendeu a pulseira enlameada enquanto ela punha o copo na mesa.
-Esta menininha já deve estar crescida-disse ela.
Quase.
Não exatamente."

(Uma vida interrompida-Alice Sebold.)

livro que eu gosto de reler.