Mais um fim de ano se aproxima.
Se eu fosse o meu pai ou meu irmão,provavelmente faria um balanço de todas as desgraças ocorridas em 2008 e um comentário estúpido sobre o quanto os feriados são comercializados,enquanto a minha mãe faz planos e enfeita a casa.
A verdade é que,para alguém relativamente pessimista e um tanto cética,eu adoro o Natal.Adoro Natal e odeio passagens de ano.São um tanto decepcionantes,a última vez que eu tive um Ano Novo descente,ou pelo menos um Ano Novo que eu me lembre,foi nos velhos tempos de Icaraí.
É engraçado como eu lembro de coisas que aconteceram há bastante tempo,quando eu tinha cinco ou seis anos,e o primeiro Natal que eu me recordo foi o de 1998,irônicamente,o primeiro Natal que eu passei nessa apartamento.
Quando eu penso que cheguei a gostar da idéia de ir embora daqui,algo me faz pensar que eu não estava no meu juízo perfeito.Eu demoraria uma eternidade para me adaptar.
Nunca fui muito fã de mudanças bruscas,como já disse zilhões de vezes.Não é que eu seja acomodada,é que eu prefiro que as coisas vão acontecendo gradualmente até que certas idéias não me pareçam tão assustadoras.
É normal que as coisas que você conhece bem te trasmitam certa segurança,mas de vez em quando,você tem mesmo que cortar certos laços e não há nada que se possa fazer a respeito disso.
Em termos de mudanças e viradas,eu diria que 2008 foi o ano.Eu comecei a faculdade,viajei,fiz novos amigos,deixei de tomar os meus remédios...Eu sinto falta deles.Daquela espécie de dormência que me impedia de sentir certas coisas,mas acho que fiz bem em parar.Por mais que a calma que eles me traziam fosse bem vinda,era como se eu tivesse perdendo o controle da minha vida para um comprimido de três centímetros.
Foi bom passar um tempo afastada do turbilhão de emoções que era a minha vida,mas estar de volta,soa bom de uma maneira diferente.Eu sei controlar o que eu sinto agora.Sei me convencer de certas coisas,me agarrar a certas verdades...e é reconfortante saber que eu tenho essa força,um tantinho surpreendente também.
Duas coisas que eu aprendi com os gregos é que primeiro:sempre pode ficar pior.E segundo:Só se pode fugir do passado,por uma quantidade limitada de tempo.
A primeira,mesmo que um tanto pessimista,serve para me lembrar de que não importa o quanto eu reclame,eu sempre vou estar reclamando de barriga cheia.Reclamar do que você não tem é pontencialemente inútil.Reunir certas coisinhas que te deixam um pouco mais feliz,transmitem um pouco de segurança.
A segunda é uma longa história.Eu diria que começou a me passar pela cabeça quando me disseram que toda dor deve ser sentida e com todas as brigas,e idas e vindas que eu tive com as minhas amigas antigas.Muita coisa aconteceu,e muita coisa,eu me forcei a esquecer.
O problema é que ignorar certo fato não faz com que ele desapareça.Por mais que você tente olhar em outras direções,se distrair com outra coisa,de uma forma ou de outra,aquilo sempre vai te alcançar.
Verdade seja dita,o meu grupinho de amigas nunca se entendeu perfeitamente bem.Nós erramos umas com as outras de maneiras diferentes,nos machucamos da mesma forma,dissemos e fizemos coisas que gostaríamos de apagar,mas uma coisa a gente sempre tomou com certa: Sempre que uma de nós precisasse,as outras estariam sempre presentes.
Muita coisa já me levou a questionar nossa amizade.Eu já tentei deixá-la de lado e tenho certeza que não fui a única.E nenhuma de nós nunca conseguiu.'Connected',como o nome da nossa música,e eu demorei a perceber isso,de modo que muita coisa,eu tentei deixar para trás,tentei me convencer de que elas pertenciam ao meu antigo 'mundo',quando na verdade,elas pertencem ao novo.Todas nós pertencemos juntas.
No futuro ou no passado,elas sempre me acompanham.Assim como muita coisa do meu passado me acompanha.Assim como é certo,que todas nós,um dia,deixamos de ser uma só pessoa para nos transformarmos em seis.Independentes,com vontades,medos,choro para chorar,voz.No passado,isso era o futuro.Agora,o futuro voltou a ser incerto.A vida vai se tornar mais ativa,mais variada,cheia de coisas bonitas e circunstâncias infelizes...
Mas hoje eu sei,o mundo é grande demais para ser contido.
Bem-vindo,2009.
sábado, 20 de dezembro de 2008
reticências.
Postado por patricia às 06:02 5 comentários
domingo, 14 de dezembro de 2008
Estava aqui pensando na minha formatura da faculdade e tudo o que vai significar ter um diploma na mão e um mundo de possibilidades.
Falta muito,eu sei,mas em um domigo à tarde sem nada melhor para fazer,eu não pude evitar.Em menos de quatro anos,eu terei um pedaço de papel que representará o meu sustento,e por mais assustador que possa parecer,meu ingresso na vida adulta.Adulta de verdade,com contas a pagar e um milhão de responsabilidades.
Quando eu acabei o terceiro ano,as pessoas costumavam me dizer o tempo inteiro que não muda muita coisa.
Talvez não mude,olhando de longe,mas analisando com cuidado,você ver o quanto esse rito de passagem significa.Em primeiro lugar,seus dias de aluno subordinado,obrigado a assistir cinco aulas por dia acabaram.Pode dizer adeus aos fiscais no corredor e as permissões para sair da sala.Se dispersa dos seus dias na coordeção também e das advertências por atraso...
Dizem que não existem ninguém mais velho do que um formando do Ensino Médio,nem mais novo do que um calouro de faculdade.
Parando para pensar,há um fundo de verdade nisso tudo.Quem,afinal de contas,nunca exibiu um certo ar de superioridade por estar no último ou ano?Você já viu de tudo nessa vida,'Losers','Queen Bees'.Já tomou um porre histórico e se sentiu a pessoa mais madura do mundo,já teve seus 5mim de fama e foi alvo das fofocas...você é a pessoa mais 'cool' do planeta!Até que vêm a bendita faculdade e muda tudo.Você se ver perdido,pequeninho no meio daquele mar de pessoas crescidas.Sem coordenadores para aconselhar,fiscais para dizer que o recreio acabou e um monte de alunos mais velhos te chamando de 'bixo' o.o
Ninguém nunca pára para pensar no que a gente deixa para trás.Para os nossos pais e professores,tudo diz respeito a vida profissional.Para nós,é um alívio estar deixando as apostilas pré-vestibular e mergulhar nesse 'mar de independência' chamado faculdade.Mesmo que isso signifique deixar para trás o que nós cultivamos de mais puro e de mais belo,durante aqueles anos em que ninguém tinha mesmo muitas responsabilidades e as preocupações eram mínimas...
Pensando assim,a gente até deseja que o tempo pare nesse segundo semestre de faculdade.Que mais tarde,tudo continue igual,com as risadas e a procura por estágios e o sentimento reconfortante de que sua vida está completa,mesmo que continue faltando uma coisinha ou outra.
Às vezes,eu queria não ter a consciência de que um dia,tudo isso vai acabar.Que eu,sozinha,vou assumir uma vida.Quem sabe casar,ter filhos,construir uma família,arrumar um emprego fora do país.
Soa tão assustador saber que um dia eu vou sair de casa e deixar toda essa familiaridade,todo esse conforto.
Lar,é só uma idéia,por mais que pareça triste.Você pode construir um em qualquer lugar,com qualquer pessoa...embora aquele filho e estudante de Ensino Médio,você só possa ser uma vez.
"Lar é onde o coração está"
Postado por patricia às 08:31 2 comentários
sábado, 13 de dezembro de 2008
shiny smiles and plastic bodies.
Então,minha melhor amiga viajou para SP e eu fiquei aqui,sentindo a falta dela desesperadamente e contando os dias para ela voltar.
Parece estranho,eu sei,sentir de falta de uma pessoa que foi passar apenas quatro dias fora,mas eu não consigo evitar.Do mesmo jeito que eu não consigo evitar explodir de felicidade por saber que ela vai conhecer o pai dela,e que consequentemente,ela vai voltar de lá mais crescida,que de alguma forma,algo dentro dela vai ser preenchido depois dessa viagem.
Eu cresci com a Gabi.Eu compartilhei com ela os primeiros amores,os corações partidos,os segredos...Ela é a única pessoa que me conhece a fundo,que se eu passasse dez anos fora,ela ainda saberia me decifrar por completa.Que enxuga as minhas lágrimas sem ao menos saber,que conhece os meus medos,alivia as minhas dores,que deita a cabeça no meu ombro no cinema sem eu nem me dar conta.A gente sempre cuidou tão bem uma da outra,que é quase impossível não torcer por ela com cada célula do meu corpo,principalmente por ela ser quem ela é,sempre tão autentica,tão decidida,tão irritante,de vez em quando.
A verdade,é que a Gabi tem uma pureza,uma bondade que eu nunca tive.Ela olha para o mundo com o olhar de uma criança ainda,enxergando todas as possibilidades que ele oferece,se entregando completamente.Eu queria conhecer esse tipo de fé,ser só um pouquinho desse jeito...
Eu sempre fui meio pessimista,fato.Por algum motivo,eu aprendi muito cedo a não criar expectativas,a não idealizar as coisas...Ao mesmo tempo,eu sempre fiz o que quis sem parar para pensar.Tomando decisões completamente precipitadas e fazendo coisas que eu sabia que ía me arrepender pelo resto da vida.Eu digo isso com um certa frequencia,mas quando eu estou fazendo algo errado ou ousado é como se eu tivesse o mundo inteiro nas minhas mãos,como se eu tivesse total controle sobre tudo ao meu redor.
Minha mãe sempre diz que as nossas contas,nós sempre acertamos com a nossa consciência.Que não importa a maneira como as pessoas ao nosso redor nos vêem,mas a maneira como nós mesmos nos enxergamos,e ultimamente,eu tenho gostado de todas as mudanças.
Eu acho que eu cresci um bocado nesses últimos dois anos.Que eu aprendi a controlar melhor as minhas emoções e pensar antes de tomar certas decisões.Que eu aprendi a ser mais determinada e a acreditar mais na minha força de vontade.E principalmente,que eu aprendi a perdoar e entender,que assim como eu,todo comete erros,e que de vez em quando,cabe a mim dá-los uma segunda chance.
Claro,que alguns defeitos e manias vão me acompanhar pelo resto da vida.Ninguém é perfeito,after all.Mas ter a chance de me tornar alguém melhor do que eu fui um dia e olhar para a vida com um novo olhar foi um dos melhores presentes que eu poderia ter ganho.
Inúltil dizer que me deu:x
Te amo,Bizzi.
Postado por patricia às 13:14 2 comentários
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
nada do que vejo é meu.
Aqui estou eu,às voltas com mais uma reforma no quarto.
Meio desconfortável,devo confessar.Não pelos motivos óbvios(furadeiras,cheiro de tinta...),mas por aquela sensação de que tudo está prestes a mudar outra vez.
É engraçado a forma que costumamos nos agarrar àquilo que nos é familiar.Transmite uma certa segurança,uma certeza de que nossos pés estão firmes no chão.
Soa tão estranho pensar que dentro de dois dias,aquele 'mundinho' inteiro que eu transformei para mim mesma vai ser substituído por algo completamente novo.
Não que eu ache ruim ter o quarto reformado.É bom mudar os ares de vez em quando,mas o período de 'adaptação' é como chegar em um outro planeta.Você sempre acaba olhando ao redor,e procurando inevitavelmente,por algo conhecido.
Sábado,quando estava esvaziando um dos meus armários,achei um VHS dos meus tempos de criança,que eu pensei ter perdido em alguma das minhas viagens.É 'Agora&Sempre' o nome do filme.A maioria das pessoas já deve ter assistido na 'Sessão da Tarde',é um clássico.
Quando eu tinha uns onze,doze anos,eu o via direto com as minhas amigas.Quando se falava em assistir um filme juntas,ele era sempre o primeiro que nos vinha à cabeça.
Então esse final de semana,quando eu o achei,encima de um salto nove,com o cabelo feito e a maquiagem pronta,eu desejei ter tudo aquilo de volta.
Às tardes longas,que demoravam um eternidade para passar.Os cinemas juntas,e campeonatos no Videokê.Os banhos de piscina,a maquinha de chocolate da Eliana,os piqueniques,a sensação de não saber aonde eu terminava e onde começava elas...o momento exato em que tudo isso se tornou crucial,ao invés de apenas rotina.
A parte chata de crescer,é perder alguns dos nossos valores no caminho.Por exemplo,você nunca vai ser mais sincero do que você foi quando aprendeu a falar.O tempo passa,e as nossas liberdades vão diminuindo.
Querendo ou não,a gente tem que seguir os padrões...
O bom de crescer,por outro lado,talvez seja saber apreciar aquilo que nos resta.Aquilo,ou aqueles,que mesmo sem termos pedido,acabaram ficando nas nossas vidas por um motivo qualquer.
A gente tem a tendência de tomar muita coisa como garantida,ou como nossas,e a verdade,é que temos bem menos do que imaginamos.
Mas como já dizia o ditado: "Melhor um pássaro[amado] na mão do que dois voando".
Postado por patricia às 13:28 2 comentários